
O cardeal Jaime Spengler e o ator Arnold Schwarzenegger estavam entre os oradores que apresentaram a conferência “Espalhando Esperança”, que se inicia nessa quarta-feira (1/10), em Castel Gandolfo. O evento terá um discurso do Papa e a participação de lideranças globais, como a ministra do meio ambiente do Brasil, Marina Silva.
Ricardo Balsani – Vatican News
Alguns dos principais oradores da conferência “Espalhando Esperança” (Raising Hope for Climate Change), participaram de uma coletiva de imprensa no Vaticano, nessa terça-feira (30/09), para apresentar esse encontro de alto nível que comemora os dez anos da Encíclica Laudato si’. O Papa Leão XIV fará um discurso nessa quarta-feira, no primeiro dos três dias de atividades em Castel Gandolfo. Além do Papa, personalidades de destaque no mundo eclesiástico, acadêmico, social e da política, participarão da conferência. Entre eles estão a ministra do meio ambiente do Brasil, Marina Silva, e o ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Este último esteve entre os oradores que participaram da coletiva de imprensa.
O primeiro a falar foi o cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, que ressaltou as múltiplas crises que vivemos nos dias de hoje, e o perigo de chegarmos a um ponto de ruptura no equilíbrio ecológico do nosso planeta. “Contudo, recordando o poeta, nós podemos afirmar que, onde há o perigo, cresce também o Salvador”, disse o cardeal, ao citar o poeta alemão Hölderlin.
Como exemplo dos riscos climáticos, o cardeal recordou a inundação que atingiu a sua arquidiocese em maio de 2024: “Os fenômenos extremos que estão ocorrendo com maior frequência são expressões palpáveis de uma doença silenciosa que afeta a todos, especialmente os mais vulneráveis e os mais pobres. E a minha região o ano passado sofreu uma dessas tragédias climáticas que continua marcando a nossa realidade ainda hoje. Muito sofrimento, muita destruição e tantas mortes.”
Dom Jaime Spengler afirmou a necessidade de organizar uma resposta à crise climática a partir da base, como os mais pobres ou os povos originários. “Se por um lado se impõe no horizonte um sistema tecnocrático, dominado pelo mercado e pela economia, que está destruindo inteiros ecossistemas, por outro lado devemos alimentar a esperança. Sim, a esperança, pois desponta um horizonte de fraternidade, de solidariedade, de fé, apontando para uma possível superação dos atuais desafios que nos angustiam. As demandas que emergem a partir de baixo, isso é importante: de baixo”.
A irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, um dos organizadores da conferência “Espalhando Esperança”, recordou a necessidade de se manter o empenho diante de desafios como “a mudança climática, a perda da biodiversidade, as desigualdades sociais, as migrações forçadas, os conflitos que cada vez mais também têm raízes ambientais.” Em seguida, a doutora Lorna Gold, diretora executiva do Movimento Laudato Si’, falou sobre as expectativas em relação à conferência e a proposta de lançar um plano de intenções, chamado Laudato si’ 10, onde os participantes do evento podem declarar suas próprias metas para realizar a visão do movimento.
Em clima descontraído, Arnold Schwarzenegger, recordou seus esforços como governador da Califórnia para aprovar no estado americano a legislação ambiental mais rigorosa do país. Ele negou um conflito entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, ressaltando que, se fosse um país, a Califórnia seria hoje a quarta maior economia do mundo, mesmo tendo reduzido em um quarto suas emissões de carbono desde a aprovação das leis.
Ao final, o ministro do interior e das mudanças climáticas de Tuvalu fez um forte apelo para que os esforços para reduzir as emissões de carbono não sejam esquecidos. Ele lembrou que o seu país, cujo território é composto por pequenas ilhas no meio do Oceano Pacífico, está desaparecendo devido à elevação do nível dos mares. “Mas não é apenas a nossa terra que está em risco. É a nossa cultura, a nossa língua, a nossa fé e tradições. Nossa própria identidade”, explicou. “O que para outros pode ser apenas um futuro distante, para nós é uma realidade presente e diária.”
Fonte: Vatican News



