
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou nesta quarta-feira o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sem citá-lo diretamente e também o discurso adotado pelo governo federal para se contrapor às ações de Eduardo nos Estados Unidos. A fala, proferida no plenário do Senado, é mais uma demonstração de descontentamento de Alcolumbre com a polarização política e com a pressão à qual está submetido.
“Não dá para eu ver, todos os dias –é a primeira vez que eu vou falar disso e eu vou ter que falar agora toda semana, para eu não ficar ausente–, um deputado federal do Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, instigando um país contra o meu país”, disse Alcolumbre.
“Fica um nos Estados Unidos, dizendo que o Donald Trump, o residente dos Estados Unidos da América, vai enviar novas sanções ao Brasil, ao Parlamento, às autoridades, ao Judiciário, ao Executivo, e com tarifa, cobrando e atrapalhando o Brasil”, declarou o presidente do Senado.
A referência é a Eduardo, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado está nos Estados Unidos buscando represálias do governo americano contra o Brasil por causa do julgamento de seu pai, condenado a 27 anos de prisão no processo da trama golpista.
O presidente do Senado também criticou o discurso elaborado pelo governo federal para se contrapor às ações dos Estados Unidos e tentar levantar a própria popularidade por meio de um apelo nacionalista.
“Como é cômodo agredir e dizer que o Brasil é dos brasileiros”, afirmou Alcolumbe, em referência ao slogan político lançado por integrantes do governo Lula.
O presidente do Senado reclamou da crítica feita a ele por Eduardo Girão (Novo-CE), sem citar o senador. “Há 15 dias o presidente do Senado não aparece para dirigir as sessões e tenho questionamentos sobre o super pedido de impeachment de Alexandre de Moraes“, escreveu Girão em seu perfil no X, antigo Twitter.
Também na terça, Alcolumbre divulgou uma nota à imprensa afirmando que estava com problemas estomacais e, por isso, não compareceria ao Senado.
“Não dá, com todo o respeito, para eu aceitar todas essas agressões calado. Então, eu vou me organizar, agora, para começar a responder a todos os questionamentos, a todas as perguntas, à altura, com muito respeito, com muita maturidade, porque, se isso for certo, amigo, eu não sei mais o que é certo”, declarou Alcolumbre no plenário nesta quarta.
As declarações de Alcolumbre foram depois de trocas de críticas entre governistas e bolsonaristas. Ele também respondeu a questionamento do líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN).
Marinho havia cobrado de Alcolumbre o desligamento do escritor Eduardo Bueno do Conselho Editorial do Senado. Conhecido como Peninha, ele publicou um vídeo comemorando o assassinato do ativista de direita americano Charlie Kirk e, depois, retratou-se.
O presidente do Senado afirmou que havia instruído o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), presidente do Conselho Editorial, a demitir Bueno. “Ele já afastou esse servidor, e não precisou que esta presidência o afastasse”, declarou Alcolumbre.
Essa é a segunda vez em um mês que o presidente do Senado desabafa publicamente sobre a polarização política. No fim de agosto, Alcolumbre disse que ele e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-AP) estavam “esmagados” e sendo ameaçados para escolher um lado da polarização.
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