Carregando música...
Para ouvir nossa rádio, baixe o aplicativo RadiosNet para celulares e tablets com Android ou iPhone/iPads.

Bolsonaro foca anistia penal e admite a aliados abrir mão de reverter inelegibilidade

Jair Bolsonaro (PL) quer que seus aliados no Congresso Nacional priorizem uma anistia penal, que abranja ele próprio e os demais condenados no 8 de Janeiro, e já admitiu a interlocutores abrir mão de reverter neste momento sua inelegibilidade.

O texto apresentado pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e defendido por bolsonaristas na Casa era o mais abrangente até o momento, incluindo anistia eleitoral e a todos os crimes desde a criação do inquérito de fake news, em 2019.

Esses pontos, sobretudo de anistia eleitoral, têm sido tratados por interlocutores de Bolsonaro como gordura para negociar no Congresso. A pressão para votar o texto foi ampliada nas últimas semanas, mas o centrão resiste a uma anistia que seja tão ampla.

Aliados de Bolsonaro dizem que ele está ciente das dificuldades que o texto enfrenta na Casa e quer focar o perdão de pena, algo que poderia livrá-lo da cadeia. Ele está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, mas pode ser transferido para cumprir pena na carceragem da Polícia Federal ou até mesmo na Papuda, quando terminarem de correr os recursos na corte.

A maior preocupação do ex-presidente hoje é evitar cumprir pena nessas condições. Por isso, já prepara pedido de domiciliar. Seus aliados têm se ocupado nas últimas semanas de reforçar publicamente a debilidade de seu quadro de saúde.

Nesta terça-feira (16), ele passou mal e foi levado à emergência do DF Star, hospital em Brasília, onde passará a noite. Segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ele estava com crise de soluço, vômito e pressão baixa.

No último domingo (14), ele também esteve no hospital para exames de rotina e um procedimento na pele. “Ele é um senhor de 70 anos que passou por diversas intervenções cirúrgicas. Ele está bastante fragilizado por essa situação toda”, disse o médico Cláudio Birolini, que o acompanha.

O ex-presidente foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos e três meses de prisão por liderar a trama golpista em 2022.

Foi aplicada ainda a inelegibilidade de oito anos a todos os condenados, a partir do término da pena. Bolsonaro já estava impedido de disputar eleições até 2030 em razão de condenações na Justiça Eleitoral. Com a condenação do STF, ele fica inelegível até 2060.

Se o texto fosse votado e aprovado nos termos apresentados pelo PL, Bolsonaro seria o candidato em 2026, como eles têm propalado nas últimas semanas. Mas nem mesmo ele conta com essa possibilidade, por entender que não há clima político.

Partidos do centrão já estão se organizando para uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao Palácio do Planalto, como sucessor de Bolsonaro, o que tem irritado familiares do ex-presidente, preocupados em manter o capital eleitoral no clã.

Além disso, é importante para eles reforçar que o candidato é Bolsonaro, como forma de demonstração de força política.

Assim como dirigentes do centrão, Tarcísio se mobilizou para aprovar a anistia no Congresso. Na semana passada, esteve em Brasília e se reuniu com presidentes de partido e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), no escritório de Marcos Pereira, presidente do Republicanos.

Segundo relatos, o parlamentar disse que tentaria pautar a anistia, mas que sua situação era complicada —ele evitou se comprometer com o pedido.

Aliados do ex-presidente dizem que um projeto de lei alternativo, como tem defendido o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que prevê redução de penas, não seria suficiente —seria preciso que contemplasse diretamente Bolsonaro.

Essa semana é vista como decisiva para bolsonaristas na Câmara aprovarem a anistia. Como a Folha mostrou, Hugo Motta (Republicanos-PB) avisou a líderes partidários que pautará a urgência do projeto de lei que dá anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.

Motta tem afirmado a aliados que a pressão para que ele dê andamento a esse projeto aumentou com a condenação de Bolsonaro no STF.

O presidente da Câmara tem sinalizado a interlocutores do governo que não é favorável a uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, como a defendida por bolsonaristas. A ideia seria buscar um meio termo.


Veja mais em Folha de S. Paulo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo