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Mauro Cid avalia se mudar para os EUA ou trabalhar como consultor após ficar livre de prisão

Livre das condenações mais pesadas impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no processo da trama golpista, o tenente-coronel Mauro Cid agora pensa seu futuro fora da caserna.

Uma das possibilidades estudadas pelo militar e seus familiares é se mudar para os Estados Unidos. Seu irmão Daniel Cid e a filha mais velha do tenente-coronel moram em uma área vinícola na Califórnia.

Ele também avalia se capacitar para dar aulas e prestar consultorias sobre as Forças Armadas. Segundo um de seus interlocutores, o militar diz não ter nenhuma experiência no mundo civil e não sabe quais caminhos poderia seguir após se aposentar do Exército.

Mauro Cid completaria 30 anos de Exército no próximo ano. A infância do militar também foi na caserna, acompanhando seu pai, o general Mauro Lourena Cid, em cada mudança de cidade para os serviços nos quartéis.

O tenente-coronel tem ainda algumas pendências a resolver com a Justiça e com o Exército antes de definir seu futuro.

Um dos entraves é a condenação a dois anos de reclusão em regime aberto. A defesa do militar entende que a pena deve ser extinta porque Cid já cumpriu dois anos e quatro meses de restrições impostas pelo Supremo, entre prisões preventivas e medidas cautelares.

Os advogados de Cid solicitaram nesta sexta-feira (12) ao ministro Alexandre de Moraes a extinção da pena. Eles dizem que está “fora de dúvida” que o militar já cumpriu tempo superior à condenação imposta pelo STF. A defesa também pediu a retirada da tornozeleira eletrônica e a restituição de bens apreendidos pela Polícia Federal.

A questão não é pacificada no Supremo, como sugere a defesa de Cid. A jurisprudência no tribunal prevê que somente o tempo de prisão preventiva é calculado na remição de pena. Medidas cautelares como obrigação de permanecer em casa à noite e aos fins de semana não servem para subtrair o tempo.

Outra pendência está no Exército. Mauro Cid protocolou um pedido para ir à reserva da Força em agosto. A solicitação é conhecida como cota compulsória —mecanismo pelo qual um militar pode deixar o serviço ativo antes do tempo mínimo previsto em lei e receber como aposentadoria um valor proporcional.

Mauro Cid tem 29 anos e 6 meses de serviços prestados no Exército. Ele teria o direito de deixar o serviço ativo, com todos os benefícios, somente após 31 anos de trabalho. Na prática, no entanto, uma redução salarial na reserva seria pequena. O salário atual dele é de R$ 28 mil.

O pedido de cota compulsória, porém, não é automático. Uma comissão do Exército vai analisar toda a documentação entregue por Cid —que inclui seu histórico militar e os motivos do pedido— e vai sugerir ao Comando do Exército uma decisão para o caso.

Um interlocutor de Mauro Cid afirmou à Folha, sob reserva, que o militar entrou em contato previamente com integrantes do Comando do Exército na tentativa de garantir o aceite à cota compulsória. O Exército nega conversas nesse sentido.

Caso tenha o aval para se aposentar, o tenente-coronel ganharia uma série de benefícios. Um deles é uma ajuda de custo equivalente a oito salários —pouco mais de R$ 225 mil. Ele também deve garantir o direito de deixar uma pensão militar para os familiares.

Somente depois da solução dos dois impasses é que Cid terá clareza para decidir sobre o seu futuro, enquanto os demais condenados pela trama golpista têm de 16 a 27 anos de prisão pela frente.

Mauro Cid foi condenado a dois anos de reclusão por unanimidade na Primeira Turma do STF. A pena baixa é resultado do acordo de colaboração premiada firmado com a Polícia Federal.

O benefício era um pedido secundário de Cid. O militar pedia, como primeira opção, o perdão judicial.

Mauro Cid assinou o acordo de colaboração premiada com a PF em 28 de agosto de 2023. A parte quatro do contrato é dedicada aos benefícios pleiteados pelo delator.

O primeiro item diz que Cid desejava obter o “perdão judicial ou pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos”.

Quando definiu quais benefícios gostaria de ter direito, Cid tentava preservar sua carreira. O militar tinha construído uma trajetória no Exército que o levaria ao generalato, não fosse o envolvimento com o governo Jair Bolsonaro e a participação na trama golpista.


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