Carregando música...
Para ouvir nossa rádio, baixe o aplicativo RadiosNet para celulares e tablets com Android ou iPhone/iPads.

Arcebispo e leiga, mártires da fé, beatificados na Estônia e Hungria – Vatican News


O jesuíta Eduard Profittlich e a leiga Maria Magdalena Bódi, ambos mártires na década de 1940, foram elevados aos altares em cerimônias realizadas na manhã deste sábado em Tallinn, capital da Estônia, e em Verszprém, Hungria.

Vatican News com Agência Fides

Duas vítimas da brutalidade do totalitarismo, o martírio como epílogo de uma vida centrada nos valores intangíveis da fé. Na manhã deste sábado, 6 de setembro, foram beatificados o arcebispo jesuíta Eduardo Profittlich, falecido aos 51 anos em 1942 na prisão de Kirov, onde havia sido detido pelo regime soviético à espera de ser executado, e Maria Madalena Bódi, uma húngara que, em março de 1945, tentou se defender de uma tentativa de estupro por um soldado soviético que a arrastou para um bunker e a matou após ela tentar escapar.

O arcebispo jesuíta de origem alemã

 

A Missa para a elevação aos altares do arcebispo Eduard Profittlich, foi celebrada pelo cardeal arcebispo emérito de Viena, Christoph Schönborn, como representante do Papa em Tallinn, na Estônia.

Na sua homilia o cardeal Schönborn recordou essa escolha do religioso: “Foi um ‘sim’ totalmente pessoal, mas é também mais do que isso: é o ‘sim’ da Igreja à vontade de Deus, que se expressa no ‘sim’ de cada indivíduo. A santidade pessoal é sempre sustentada pela santidade da Igreja, a Esposa de Cristo. Por isso, o dia de hoje é um dia de alegria para a Igreja, especialmente para a Igreja na Estônia”. Acrescentando ainda: “Os primeiros cristãos diziam: sanguis martyrium – semen christianorum! O sangue dos mártires é a semente que gera cristãos. Esta esperança que dominava o padre Profittlich deve dominar também a todos nós em um tempo que vê tantos novos mártires”. Eduard Profittlich, morreu em 22 de fevereiro de 1942 como uma das milhões de vítimas das duas ideologias assassinas.

Dom Eduard Profittlich (1890-1942), jesuíta de origem alemã e arcebispo de Tallinn, Estônia, foi o primeiro religioso católico estoniano a ser beatificado. A cerimônia litúrgica será presidida pelo cardeal Christoph Schönborn, neste sábado, 6 de setembro, na capital báltica. Trata-se da uma história singular e muito atual de um homem que encontrou, na fé em Cristo, a força de permanecer ao lado do povo, que servia, mesmo em tempos de tribulação.

Nascido em uma família de camponeses, numa aldeia no sul do Império alemão, Eduard Profittlich ingressou para a Companhia de Jesus aos 23 anos, em Heerenberg, Holanda, quando os Jesuítas haviam sido expulsos dos territórios do Segundo Reich. Embora seu desejo fosse o de ser missionário na Rússia, Pio XI o nomeou Administrador Apostólico da Estônia, em 11 de maio de 1931. Sua vocação coincidiu com a refundação e reorganização da Igreja Católica na Estônia.

Seu compromisso com a cultura e o ministério pastoral, em contínuo diálogo com os adeptos de outras denominações cristãs, na Estônia, contribuiu para ficar em contato direto tanto com a intelectualidade da República Báltica quanto com os filhos do povo.

Como prova de sua total dedicação às funções, que lhe foram confiadas pela Santa Sé, em 1935, solicitou e obteve a cidadania estoniana. Em 1936, ao ser nomeado Arcebispo de Tallinn, optou por não renunciar ao cargo, durante a invasão soviética, em junho de 1940, embora tivesse a oportunidade de fugir. Em uma carta à sua família, em 8 de fevereiro de 1941, declarou que oferecia a sua liberdade e vida a Cristo, como outrora o reiterou ao então Secretário de Estado, cardeal Luigi Maglione.

A perseguição religiosa nem poupou a vida do arcebispo de Tallinn: preso em junho de 1941, foi deportado para Kirov, cidade russa, a cerca de 950 km de Moscou, onde morreu na prisão, em 1942. Sua fé em Cristo emerge nos registros dos interrogatórios, aos quais foi submetido durante a sua detenção.

“A sua santidade não se limitou ao momento do seu martírio, em 1942. Sua morte foi apenas o último ato terreno de uma vida dedicada à missão da Igreja Católica e ao povo estoniano”, disse a professora Marge-Marie Paas, postuladora diocesana da Causa de Beatificação de Eduard Profittlich, ao falar sobre a figura do Jesuíta à Agência Fides: “É importante ver o que Profittlich deixou como herança, bem antes da sua morte: ele ensinou as pessoas a acumular uma riqueza espiritual, não material, concentrando-se no que, realmente, conta e perdura. Ele falava, continuamente, sobre a presença de Deus no mundo, apesar de todas as dificuldades; ele entendeu que Deus estava sempre perto de cada um de nós, como um companheiro de caminhada, na vida cotidiana, não apenas quando aconteciam eventos extraordinários”.

A pesquisa e o estudo para documentar a vida do arcebispo foram enriquecidos pelo testemunho de sua santidade, por parte dos parentes sobreviventes de Profittlich, alguns dos quais participarão, em Tallinn, da cerimônia de beatificação. A propósito, a postuladora diocesana da Causa de Beatificação de Eduard Profittlich, disse ainda: “Para mim, conhecer sua família foi uma experiência extraordinária, que me permitiu compreender a personalidade do arcebispo. Isso é fundamental em um processo de Beatificação. Visitei sua cidade natal e lugares na Alemanha (inclusive Trier e Leimersdorf), onde as pessoas mantêm viva a sua memória”.

Dom Eduard Profittlich transmitiu à pequena comunidade católica estoniana algumas orações tradicionais, que aprendeu em terras alemãs e polonesas, onde viveu, como conclui a postuladora da sua Causa de Beatificação: “A oração era seu estilo de vida. Ele não rezava apenas na igreja, mas também através de suas obras, encontrando tempo até para ajudar as pessoas mais necessitadas, independentemente de suas crenças ou condições sociais”.

Atualmente, a comunidade católica na Estônia conta com cerca de 8.000 fiéis, ou seja, 0,58% da população total do país.

Maria Madalena Bódi

 

A missa para a beatificação da leiga Maria Madalena Bódi, foi celebrada pelo cardeal Peter Erdő, arcebispo metropolitano de Esztergom-Budapeste em Verszprém na Hungria. O espírito apostólico de Maria Madalena já se manifestava durante os anos escolares. Ela queria ser religiosa, mas não foi admitida porque seus pais não eram casados. Como apóstola leiga, no entanto, ela sentiu a força da graça. Porém, não podendo se tornar religiosa, em 26 de outubro de 1941, festa de Cristo Rei, fez um voto privado: comprometeu-se com a virgindade perpétua por amor a Cristo.

Na sua homilia o Cardeal Erdő destacou: “Como muitos santos, ela também pressentia o destino ao qual se dirigia. Costumava dizer ‘não se deve apressar ou provocar as circunstâncias que levam à morte! O cristão deve fugir da morte até que se encontre diante de uma escolha: entre o pecado e a morte. Mas quando chega o momento de escolher, sem hesitar, ele deve escolher a morte’. Assim é o mártir”. Maria Madalena, continuou o cardeal, “não apenas defendeu sua pureza, mas deu a vida por sua fidelidade e seu amor por Cristo. Manteve seu voto até a morte. Seu sacrifício teve um efeito direto também sobre quem a cercava. Os outros escaparam do perigo mortal”.

Por fim, o cardeal Erdő afirmou: “A Igreja incluiu oficialmente hoje Maria Madalena Bódi na lista dos beatos. Fizemos isso para seguir o seu exemplo e pedir com confiança a sua intercessão. Maria Madalena foi uma mártir da castidade. Hoje, falar de castidade exige coragem. Comprometer-se com a castidade não é uma espécie de empreendimento extremo, mas uma grande escolha de amor pessoal por Cristo”, finalizou.


Fonte: Vatican News

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo