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Opinião – Encaminhado com Frequência: Julgamento de Bolsonaro é monótono e não engaja nas redes sociais

Com o início do julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus na última terça-feira (2), as atenções se voltaram às possíveis reações a uma eventual prisão do ex-presidente em regime fechado. O final do julgamento está programado para ocorrer apenas no dia 12, mas, até lá, muitos fatos novos podem conturbar o cenário, tanto por parte da classe política como da população.

No primeiro dia de julgamento, o monitoramento em tempo real da Palver em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram apontou para uma maior atividade dos apoiadores de Bolsonaro. Considerando as últimas 48 horas, aproximadamente 60% das mensagens trocadas sobre o tema nos grupos de mensageria eram favoráveis ao ex-presidente.

As principais narrativas dentro do grupo que se mostrou favorável a Jair Bolsonaro apontam para uma acusação de que o julgamento realizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) é político e persecutório. Nessa linha, os usuários argumentam que o processo é antidemocrático, dada a representatividade eleitoral de Bolsonaro. As mensagens ainda reforçam a expressão “ditadura da toga”, além de muitas críticas ao ministro Alexandre de Moraes.

O tema, apesar de ter sido bastante comentado, ficou restrito a um público mais engajado, seja em grupos que foram criados com o objetivo de debater política, seja naqueles de apoiadores de determinado político, tanto de direita como de esquerda.

Considerando as mensagens contrárias a Bolsonaro, e, portanto, daqueles que são favoráveis à prisão em regime fechado, a narrativa predominante é a de que deve ocorrer uma punição exemplar aos réus para demonstrar a força das instituições democráticas brasileiras. Esse público, que representa aproximadamente um terço das mensagens sobre o tema, coloca o STF como guardião da Constituição e procura desfazer qualquer relativização sobre a participação de Bolsonaro naquilo que chamam de “trama golpista”.

Indo além das mensagens sobre o julgamento especificamente, é possível observar no monitoramento da Palver a tentativa de aumentar o engajamento do público geral em torno dos eventos de 7 de setembro. Nessa linha, em vez de debater o julgamento em si, as mensagens estão concentradas em torno de uma chamada para ação, denominada “Reaja Brasil – O Brasil precisa de vc”, que já foi utilizada em manifestações anteriores. A campanha conta com vídeos e imagens produzidos com inteligência artificial e disseminados nos grupos de mensageria.

Na campanha, que conta com a participação de políticos de direita, há uma convocação para manifestações em todo o país, que devem ocorrer no próximo domingo (7). A distribuição da campanha é segmentada por região e conta com atores políticos locais para reforçar o convite.

No monitoramento da Palver da repercussão em aplicativos de mensagens nos últimos cinco dias, as menções ao julgamento atingiram níveis elevados, com pico de quase 2.000 mensagens (a cada 100 mil) às 17h do dia 2 —cerca de 70% delas desfavoráveis à condenação de Bolsonaro.

Ainda assim, o primeiro dia revelou um contraste importante: apesar da expectativa, o julgamento não se transformou em espetáculo. O engajamento, que cresceu pela manhã e voltou a subir no meio da tarde, perdeu força diante do tom das sessões, marcado por exposições técnicas e frequentemente percebidas como monótonas pelo público online.

O ritmo processual, a formalidade da transmissão e o estilo das falas tornaram difícil a criação de cortes virais, restringindo a circulação espontânea de comentários em tempo real. Em vez de espetáculo, o julgamento estreou como rito institucional —denso, protocolar e resistente à lógica de viralização que estrutura a política digital.


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