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10º MUTICOM na região Sul do Brasil destaca escuta, aprendizado e crescimento – Vatican News

Com o tema “Como implantar e fortalecer a Pascom na minha paróquia?”, o evento reforçou a importância da escuta, do serviço e do caminhar junto às comunidades.

Pe. Gerson Schmidt *

O 10º Mutirão de Comunicação do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizado neste sábado (6), no Colégio São José da Diocese de Montenegro (RS), reuniu diversos agentes da Pastoral da Comunicação (PASCOM), comunicadores e lideranças de todo o Rio Grande do Sul, composto por 18 dioceses, para um dia inteiro de formação, espiritualidade, laboratórios e troca de experiências. Com o tema “Como implantar e fortalecer a Pascom na minha paróquia?”, o evento reforçou a importância da escuta, do serviço e do caminhar junto às comunidades. O Mutirão da Comunicação contou com assessoria principal Marcus Tullius, atuante na Pastoral da Comunicação desde 2011, mestre em Comunicação Social pela PUC Minas, escolhido como primeiro coordenador-geral da Pastoral da Comunicação, em 2018 e membro do Grupo de Reflexão sobre Comunicação da CNBB (Grecom CNBB). É licenciado em Filosofia e bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda.

Os trabalhos do Muticom foram coordenados pela jornalista e atual coordenadora da Pascom do Regional Sul 3 da CNBB Melissa Maciel, da Diocese de Osório. Ela assumiu a função em uma transição de coordenação que ocorreu em março de 2025, sucedendo Greice Pozzatto, atual jornalista da Arquidiocese de Porto Alegre. No início da manhã, o bispo da diocese anfitriã, batizada como diocese da alegria, Dom Carlos Rômulo Gonçalves e Silva, deu as boas-vindas e disse que “esse trabalho mais capilar da PASCOM, que é um trabalho maravilhoso, pudesse também se transformar em participação maior no prêmio Pe. Landell de Moura, com fotografias, vídeos e tudo mais que se possa fazer.  Falou que a Pastoral da Comunicação pudesse respaldar e estar em unidade com as outras pastorais das comunidades e dioceses. O bispo referencial da Comunicação do Regional, Dom Juarez Albino Destro, também na abertura, acolheu a todos com essas palavras: “Estejamos animados para animar, nos animar, cuidar da vida”. Relembrou frase do antigo canto da campanha da Fraternidade de 1989, sobre Fraternidade e Comunicação: “Que a comunicação, não se canse jamais de estar a serviço da verdade e da paz”. “Num mundo com tantos desafios, com tantos conflitos, com tanta injustiça, acredito que nós todos devemos acreditar que nós temos um papel, uma missão muito importante na Igreja, não só para comunicar, mas comunicar e estar a serviço da justiça e da paz”, disse.

Dom Juarez Albino Destro, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.

Dom Juarez Albino Destro, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.   (PASCOM Archidiocesi Porto Alegre)

Implantar a Pastoral nas Paróquias

 

A manhã foi marcada pela palestra do jornalista Marcus Tullius, coordenador nacional da Pascom entre 2018 e 2024, que abordou a importância de uma comunicação atenta à realidade paroquial e pautada pela espiritualidade e pelo serviço.

Tullius, em sua ampla abordagem, disse que “é preciso parar, para olhar o outro, ver a realidade. Se a gente não passar por isso, não faz sentido ter uma boa produção de comunicação, ter produtos, vídeos bem editados, ter um canal com um número grandioso de lives, ter um alto engajamento nas redes sociais, se faltar o elemento principal que é a comunicação humana, que é a expressão de nossos processos. E aí, na igreja, essa relação se dá entre igrejas e sociedades marcadas com desafios e possibilidades de um diálogo entre fé e cultura”. Falou da presença e ação da Igreja nos diversos ambientes. A presença e ação da Igreja nos espaços, nos processos e meios de comunicação se chama “Pastoral da Comunicação”. “A gente compreende primeiro o que é a palavra pastoral, pastoral em chave missionária. Pensar a pastoral em contínuo estado de missão com novos métodos, novas expressões, uma nova gramática, novas linguagens para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária que não pode deixar as coisas confusas. Lá na Evangelii Gaiudium, a primeira exaltação pastoral do Papo Francisco, sobre o anúncio do Evangelho, parágrafo 27, do Papa diz  que sonha com uma opção missionária capaz de transformar tudo: os horários, os nomes, as linguagens…”.

O assessor, autor de diversos livros, salientou que, em nossa atuação como agentes da Pascom, não se pode esquecer das outras ações da vida, da expressão da vida pastoral nos nossos territórios, nas nossas comunidades. “Criar comunhão. Apostar é um meio para criar comunhão. Não pode ser o fim. Não é só apostar por apostar. É fazer com que as pessoas se identifiquem, se vejam naquela realidade onde eu pertenço a essa comunidade. Eu me identifico com essa comunidade, eu me vejo nisso. Estabelecer vínculos e relações, promover o bem comum. E aí é chave a gente compreender que nós não comunicamos somente ideias, informações, mas a pessoa comunica-se a si mesmo, em última instância. E sem essa ação não há nem comunhão e nem comunidade. Pensar a nossa ação pastoral no seio de uma comunidade”.

Para se implantar bem a Pastoral da Comunicação, Marcus Tullius disse ser necessário compreender o que já tem e ter clareza da nossa identidade. Destacou quatro elementos que estão na compreensão da identidade da atuação na comunicação da Igreja. “A primeira é essa, a presença e atendimento no ambiente comunicacional. O segundo elemento da nossa identidade é compreender que, na Pastoral da Comunicação, as nossas ações são próprias do campo da comunicação, mas com um sentido claro. Qual que é? Quem está ali em sentido pastoral e evangelizador. Não é conteúdo puramente de marketing. Não é conteúdo para ganhar cliques, para ganhar seguidores. É sentido pastoral e evangelizador. Sentido pastoral, presença, aproximação, gerar encontro, evangelização, anúncio do reino, anúncio do evangelho, com todas as suas consequências. E, às vezes, a gente quer anunciar só aquilo que nos convém e deixa aquela parte mais incômoda do evangelho se descarta. O sentido evangelizador da pastoral, e por isso eu reforço a fala de Dom Carlos, de a gente olhar para as outras realidades das nossas paróquias de comunidade. Não é só a vista, não é só postar. Tudo bem, talvez o nosso pássaro tenha carinha bonita, fala bem, tem boa desenvoltura, mas temos outras ações para serem comunicadas. Tem mais vida pulsando naquela comunidade, naquela paróquia. Tem mais gente. Às vezes, falta carne na nossa comunicação. Falta gente. E, se faltar gente, não tem evangelização, não tem pastoral”

O assessor, como grande conhecedor da pastoral e da vivência cristã, dispôs um princípio teológico-bíblico: “O verbo já se fez carne. Todo mundo aqui crê nisso, não crê? Está no prólogo do Evangelho joanino. A gente está se preparando para fazer memória dessa profisão da nossa fé. E o que a gente está fazendo agora? A gente está fazendo o movimento contrário. A gente está transformando a carne em verbo de novo. Está transformando a experiência humana, as relações de palavras, em discurso, em abstração. E vai perdendo a realidade. É preciso se encontrar com aquela gente que nos incomoda, que nos critica, que nos desafia… A nossa pastoral não existe no mundo das ideias, como o conceito platônico. Existe no mundo real, no mundo das coisas, no chão da nossa realidade, da nossa comunidade”.

Dom Carlos Rômulo Gonçalves e Silva, bispo diocesano de Montenegro.

Dom Carlos Rômulo Gonçalves e Silva, bispo diocesano de Montenegro.   (PASCOM Archidiocesi Porto Alegre)

Aprendizado, escuta e anúncio de Cristo

 

O secretário regional da CNBB Sul3, Pe. Rogério Ferraz, disse estar presente para apoiar e escutar esse importante tema para nossas comunidades. “Queria dizer apenas duas coisas que é o padre que está lá na linha de frente da paróquia e precisa saber a importância de uma boa comunicação, quando a comunicação é direta e tem de fato um objetivo e público-alvo. A segunda coisa que eu queria dizer é que nós temos uma mensagem a transmitir, e a mensagem é a pessoa de Jesus Cristo, essa é que não pode ficar ofuscada. Nós queremos comunicar Jesus por tudo aquilo que o Dom Carlos acabou de falar, comunicar Jesus pelas ações. Pelas pastorais, por aquilo que fazemos, mas, mais importante ainda, é comunicar Jesus pela nossa vida, pela capacidade de acolher, de servir e de fazer nosso papel para ajudar este mundo a ser um pouco mais humano e mais fraterno”.

Para Cláudia Fraga, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, de Canoas-RS, o evento ilustrou o impacto do encontro para quem está iniciando na Pascom. Estou me sentindo com novos aprendizados. É o primeiro Muticom que participo. A Pascom da minha paróquia é nova, então estamos todos em aprendizado”, contou. Ela destacou que uma frase debatida em grupo pela manhã transformou sua visão sobre comunicar dentro da Pastoral da Comunicação: A escuta. O que eu vou levar é essa questão de escutar e caminhar junto com a comunidade, percebendo o que ela realmente precisa, e não apenas aquilo que achamos que devemos comunicar”. Quando convidada a resumir o evento em uma palavra, ela não hesitou: “Aprendizado”. A pasconeira ‎Lauren Severo, da Arquidiocese de Pelotas, afirmou que “o evento foi interativo, maravilhoso, nos conduziu por dinâmicas que desvendaram a realidade do que precisamos melhorar em nossas paróquias e dioceses e as oficinas nos trouxeram esperança e ferramentas para cumprirmos a missão de evangelizar através das redes. Levaremos Jesus com uma escuta ativa, hospitaleira, humanizada e samaritana”, resumindo as conclusões do Assessor Tullius, em sua fala final.

História dos Mutirões da Comunicação

 

O bispo referencial da Pascom no Regional Sul 3, Dom Juarez Albino Destro, atua na área desde junho de 2023. Sua trajetória na Pascom começou ainda na época de estudante de Teologia, em São Paulo, acompanhando a antiga UCBC, organismo onde nasceram os primeiros Mutirões de Comunicação. Recebi o convite para ser referencial da Pascom Regional quando ainda estava me mudando para Porto Alegre. Aceitei sem saber exatamente o que iria encontrar na região, mas com desejo de contribuir”, contou.

Ao comparar os Muticoms que participou nos últimos anos, em Santa Maria (2023), Osório (2024 – do qual precisou se ausentar por compromisso pastoral) e agora Montenegro, o bispo destacou o caminho de amadurecimento do Regional: Estamos crescendo. Este ano decidimos trabalhar o básico: como fortalecer e implantar a Pastoral da Comunicação. E isso é muito bom, porque consolidar os fundamentos é o que sustenta a caminhada no longo prazo”. Ele também recordou experiências em Muticons nacionais, como João Pessoa (2023) e Manaus (2024), ressaltando que a troca entre regiões fortalece o trabalho de todo o Brasil.

Equipe da Pascom

Equipe da Pascom   (PASCOM Archidiocesi Porto Alegre)

Oficinas práticas e Premiação

 

À tarde, quatro oficinas temáticas possibilitaram formação prática aos participantes:

·       Produção de notícia com uso de Inteligência ArtificialMelissa Maciel

·       Fotografia em espaços litúrgicosDener Reis

·       Storytelling: a arte de contar históriasGreice Pozzato

·       Pastoral digital: uma mudança paradigmáticaMarcus Tullius

A tarde também aconteceu a premiação do Prêmio Pe. Landell de Moura, para os melhores trabalhos jornalísticos nas categorias de Fotografia, Espiritualidade, Vídeos/Aúdios e Texto. O Muticom encerrou às 17h, com o anúncio do local do 11º Muticom, em 2026, que acontecerá na Diocese de Frederico Westphalen. Para quem participou, fica o sentimento de renovação e motivação para continuar a missão de comunicar a vida e a missão da Igreja no anúncio de Jesus Cristo, pleno comunicador do Reino.

*Pe. Gerson Schmidt – Jornalista, mestre em Comunicação/ colaborador do Vaticannews/Locutor na Rádio Aliança FM


Fonte: Vatican News

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