
A segurança pública está no topo das preocupações da população e por isso é candidata a figurar como principal tema das eleições de 2026. Como a campanha já começou, é exatamente esse protagonismo o que interdita providências efetivas.
Uma bandeira em disputa impossibilita qualquer tentativa de unificação de propósitos e integração de ações, requisitos básicos para estruturação e organização do Estado para enfrentar o problema da criminalidade que assola o país.
Voltemos um instante ao recorrente exemplo do combate à inflação, três décadas atrás. Fernando Henrique Cardoso, candidato do governo Itamar Franco, concorreu em 1994 com um plano em andamento, o Real. Venceu as resistências da oposição, mostrou efeitos concretos à população e ganhou no primeiro turno mostrando ao que vinha.
O que temos agora é um embate de ideias preconcebidas, com cada lado da contenda empenhado em desqualificar o outro, em nome da demarcação de palanques, com propostas que dizem coisa nenhuma sobre planos de ação.
O escritório de emergência anunciado pelo governo e o consórcio da paz patrocinado pela oposição no quente da operação Penha/Alemão, no Rio, mostraram o inútil açodamento das autoridades.
As circunstâncias em que ocorre a tramitação do projeto de lei Antifacção exibem a prevalência do interesse eleitoreiro sobre o atendimento às necessidades objetivas. A cena é de luta entre direita e esquerda pela paternidade de uma legislação necessária, mas falsamente apresentada como solução.
A oposição agiu para capturar o projeto e o governo reagiu, recusando-se a compartilhar a autoria do produto aprovado pela maioria. Saiu derrotado numa proposta que havia sido de sua iniciativa. A escolha de um relator identificado com a direita permitiu que o texto saísse da Câmara com o carimbo do grupo.
Ocupados com os lances do jogo, políticos ignoram que a população alvo de tragédias cotidianas pode até não entender as filigranas das manobras, mas não é otária.
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