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A Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas está para se concluir em Belém. A decisão “Mutirão”, busca unir todos os países no enfrentamento da crise climática e oferecer uma direção única. Presença do presidente Lula.
Silvonei José – Belém
Faltando dois dias para a conclusão da COP30, em Belém, no Pará, os países presentes nas discussões são exortados a fortalecer seus planos com contribuições nacionais para combater a crise climática, com foco no apoio financeiro e nos US$ 300 bilhões em ajuda, na gestão das atividades comerciais relacionadas à descarbonização e na divulgação de informações sobre o progresso ambiental. Esses são os quatro pilares da agenda da COP30, a Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que está para se concluir em Belém.
A decisão “Mutirão”, que busca unir todos os países no enfrentamento da crise climática e oferecer uma direção única, permanece em destaque nos encontros. Para tornar o trabalho dos negociadores mais concreto e ampliar os horizontes, o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente Lula, se encontram desde ontem em Belém.
Evidencia-se a necessidade, agora mais sentida e disseminada do que nunca, de incluir na estrutura de negociação da COP30 no Brasil um roteiro detalhado para a eliminação gradual de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás. Sem esquecer que nessas negociações há fronteiras que dividem países industrializados, em desenvolvimento e emergentes.
Na mesa de negociações – junto com alguns temas caros ao Brasil, como biocombustíveis, o combate ao desmatamento e a proteção da Amazônia – está presente a liderança política que chegou mais cedo do que o habitual, dois dias antes da conclusão da cúpula. Uma manobra – segundo os especialistas -, que visa definir uma decisão com uma direção política muito específica, unir a humanidade em uma mobilização global para combater as mudanças climáticas.
O que se insinua é uma possível renovação do compromisso global com o Acordo de Paris, hoje – afirmam os especialistas – desgastado e desatualizado em dez anos. Seria, portanto, uma escolha concreta – especialmente se incluísse um roteiro para o abandono gradual dos combustíveis fósseis -, mas, ainda mais importante, representaria uma diretriz para salvar a humanidade do aquecimento global e dos impactos das mudanças climáticas.
Sobre a presença do presidente Lula em Belém e de António Guterres, Mohamed Adow, da organização ambiental queniana Power Shift Africa, conversando com a imprensa disse que “a chegada do presidente Lula e de António Guterres é extremamente significativa e sugere que os anfitriões acreditam que devemos ter algum tipo de acordo aprovado em breve.
Especialistas afirmam que normalmente, não é comum o presidente chegar às negociações no meio da segunda semana sem ter algo concreto para apresentar.
Ao levantar a possibilidade de um resultado histórico, a diretora-executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, afirmou à imprensa: “a COP está se aproximando da reta final e a chegada conjunta de Lula e Guterres envia um sinal político claro de que eles estão falando sério”. Questões excluídas foram discutidas nesta quarta-feira, num dia definido importante nos planos dos brasileiros que dirigem a conferência às margens da Amazônia.
Embora as negociações estejam programadas para durar pelo menos até sexta-feira, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, deu aos negociadores um prazo até ontem para decidir sobre quatro questões interligadas que foram inicialmente excluídas da agenda oficial: se os países devem ser orientados a endurecer seus novos planos climáticos; os detalhes sobre a distribuição dos US$ 300 bilhões em ajuda climática prometida; como lidar com as barreiras comerciais relacionadas ao clima; e aprimorar a divulgação de informações sobre transparência e progresso climático. Juntamente com essas quatro questões, há uma pressão de diversos países, ricos e pobres, por um roteiro detalhado sobre como eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.
E isso é fundamental para a questão do fortalecimento dos novos planos climáticos, visando limitar o aquecimento futuro a 1,5 graus Celsius, a meta global estabelecida no Acordo de Paris de 2015.
Manifestantes dentro e fora do local da conferência continuaram pressionando pela eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Um grupo de cientistas criticou, ontem, as propostas atuais para um roteiro de eliminação gradual dos combustíveis fósseis, considerando-as inadequadas. “Um roteiro não é uma oficina ou uma reunião ministerial. Um roteiro é um plano de trabalho concreto que precisa nos mostrar o caminho de onde estamos para onde precisamos chegar, e como chegar lá”, dizia uma carta assinada por sete cientistas renomados, incluindo alguns que assessoram a presidência da COP30.
Vários impasses aparentes ainda persistem, e o principal deles, do ponto de vista, por exemplo, africano, é a relutância da União Europeia e de outros países ricos em cumprir sua obrigação de fornecer financiamento climático. A implementação é fundamental para reduzir o aquecimento global. Ao iniciarem esta conferência de duas semanas, os líderes brasileiros enfatizaram a importância de focar na implementação, iniciando ações com base em acordos, metas e compromissos já assumidos, em vez de novos acordos.
“Neste momento, na COP 30 em Belém, é o nosso futuro que estamos vendo se desenrolar”, disse uma jovem ativista de 17 anos. “As decisões tomadas agora, no papel, de fato se traduzirão no futuro que teremos pela frente.”
A cúpula da ONU, com duração de duas semanas, na cidade amazônica de Belém, reuniu quase 200 países para tentar intensificar a ação multilateral para limitar as mudanças climáticas, apesar da ausência dos Estados Unidos, o maior emissor histórico de gases de efeito estufa.
O Brasil, anfitrião do evento, espera contrariar a tendência de cúpulas climáticas recentes que se estenderam muito além do prazo, buscando aprovar um pacote de acordos antes de sexta-feira.
Fonte: Vatican News