
Uma das realizações mais importantes que o governador Ibaneis Rocha (MDB) teria para os seus mandatos à frente do governo do Distrito Federal seria a expansão do BRB (Banco de Brasília). Em 2018, o banco tinha aproximadamente 615 mil correntistas. Em agosto de 2025, a cifra chegou a 9,6 milhões.
A operação da Polícia Federal nesta terça-feira (18), que determinou o afastamento do presidente do banco estatal, Paulo Henrique Costa, e a prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, deve prejudicar a expectativa do governador de auferir capital eleitoral da administração da instituição.
O emedebista pretende ser candidato ao Senado pelo DF em 2026 e lançar Celina Leão (PP), sua vice, como sucessora no governo estadual.
Em sua defesa enfática da negociação, o argumento frequente de Ibaneis era o de que a compra do Master fazia parte da estratégia de nacionalização do banco público.
Investigadores que atuam na operação apontam a suspeita de que o Master tenha usado o negócio com o BRB para esconder a fabricação de carteiras falsas de crédito consignado. Essa fábrica inflou o balanço do Master, ainda de acordo com as investigações.
As carteiras de consignado, formadas com tomadores de crédito inexistentes, foram vendidas ao banco de Vorcaro e, por fim, compradas pelo BRB em dezembro do ano passado.
Ibaneis empenhou-se na tentativa de concretização da compra do Master pelo BRB. Quando foi feito o anúncio da compra, em março, ele comemorou: “achavam que estava vendendo [o BRB], mas estou comprando [o Master]”, afirmou ao portal Metrópoles.
Ele também disse que ele e Paulo Henrique estavam cumprindo o compromisso de fazer do BRB um banco nacional.
Em abril, um mês após o anúncio da compra, ele afirmou: “tiramos o BRB da Polícia Federal, como estava no governo anterior, e levamos para a Faria Lima”, em entrevista ao Correio Brasiliense.
Quando ocorreu o veto pelo BC, em setembro, ele disse que PT e PSB estavam prejudicando o DF, mais uma vez.
A expansão do BRB foi articulada com base em iniciativas como gastos crescentes em publicidade e taxas agressivas no mercado de crédito.
Um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos) sobre publicidade e patrocínio do BRB mostrou que o banco passou de R$ 7,68 milhões em gastos, em 2018, para R$ 129 milhões, em 2023.
Na área esportiva, os patrocínios do banco ao Flamengo e ao piloto de F1 Gabriel Bortoleto são os mais chamativos. O rubro-negro carioca, time do coração de Ibaneis, recebe cerca de R$ 40 milhões anuais do banco. Bortoleto, por sua vez, teve R$ 8,4 milhões em 2025, segundo os demonstrativos das despesas de publicidade do BRB.
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