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Ao receber em audiência os representantes da Ordem dos Consultores do Trabalho, o Papa destacou que toda atividade trabalhista deve ter como centro a dignidade da pessoa humana e da família, e não o lucro ou as leis do mercado econômico.
Thulio Fonseca – Vatican News
O Papa Leão XIV recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 18 de dezembro, os representantes da Ordem dos Consultores do Trabalho da Itália. Por ocasião dos 60 anos da instituição do registro profissional da categoria, o Pontífice destacou o valor social e humano da profissão e convidou os presentes a colocarem sempre a dignidade da pessoa no centro de suas atividades.
Em seu discurso, o Pontífice sublinhou que a atividade dos consultores do trabalho é “preciosa e carregada de responsabilidade”, pois exige competência, senso de justiça e atenção concreta às necessidades reais dos trabalhadores e de suas famílias. O Papa articulou sua reflexão em torno de três eixos fundamentais: a tutela da dignidade da pessoa, a mediação nas relações de trabalho e a promoção da segurança.
A centralidade da pessoa e da família
Retomando palavras do Papa Francisco, Leão XIV recordou que o trabalho não é apenas um meio de subsistência, mas um caminho de realização humana: “Trabalhando, nos tornamos mais pessoa, a nossa humanidade floresce”. Por isso, advertiu que nem o capital, nem as leis do mercado, nem o lucro podem ocupar o lugar que pertence à pessoa e à família.
Essa centralidade, afirmou o Santo Padre, deve orientar toda programação e projeto empresarial, em fidelidade à Doutrina Social da Igreja, para que trabalhadores e trabalhadoras sejam reconhecidos em sua dignidade e recebam respostas adequadas às suas necessidades, especialmente as das jovens famílias, dos pais com filhos pequenos e daqueles que cuidam de idosos e doentes. Em um contexto marcado pelo avanço da tecnologia e da inteligência artificial, o Papa enfatizou a urgência de promover empresas que sejam, antes de tudo, “comunidades humanas e fraternas”.
A mediação como serviço de justiça e caridade
O segundo aspecto abordado foi o papel de mediação exercido pelos consultores do trabalho. Segundo o Pontífice, eles atuam como um elo essencial entre dirigentes e empregados, favorecendo relações saudáveis e indispensáveis tanto para o bom funcionamento das empresas quanto para o bem-estar dos trabalhadores.
Leão XIV alertou para duas tentações recorrentes: a burocratização excessiva das relações e o distanciamento da realidade concreta das pessoas. Ambas, sublinhou, empobrecem o ambiente de trabalho e o afastam de sua vocação de ser uma “sinergia solidária”. E ao citar a Primeira Carta de São João, o Papa exortou os profissionais a manterem o olhar atento sobretudo aos mais frágeis, àqueles que têm menos condições de expressar suas necessidades e defender seus direitos. “Isso é um grande ato de justiça e de caridade”, afirmou.
Segurança no trabalho: proteger a vida
Por fim, Leão XIV destacou a importância da promoção da segurança no trabalho, reconhecendo o empenho dos consultores na formação e atualização dos trabalhadores como um verdadeiro serviço à vida e lamentou o elevado número de acidentes e das chamadas “mortes brancas” que ainda hoje ocorrem nos locais de trabalho. “Os espaços destinados à vida não podem se transformar em lugares de morte e desolação”, advertiu o Papa, recordando que a segurança no trabalho é como o ar que respiramos: só percebemos sua importância quando falta, e então já é tarde demais. Daí a relevância da prevenção, à qual se orienta o trabalho formativo da categoria.
Ao concluir, o Pontífice encorajou os consultores do trabalho a exercerem sua missão com paixão e dedicação, conscientes de que muitas pessoas contam com seu apoio para viver o trabalho com serenidade. Confiou-os à intercessão da Virgem Maria e de São José, Patrono dos trabalhadores, e concedeu a bênção apostólica aos presentes e às suas famílias, desejando a todos um Santo Natal.
Fonte: Vatican News