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Cultura da Vida é um espaço de aprofundamento de temas relacionados à dignidade da vida humana e à missão da família como guardiã da vida com Marlon Derosa e sua esposa Ana Carolina Derosa, professores de pós-graduação em Bioética e fundadores do Instituto e Editora Pius com sede em Joinville, Santa Catarina. Marlon e Ana são casados há 8 anos, têm 3 filhos, são atuantes na Pastoral Familiar. Neste 20° encontro, Advento e gestação: expectativa pela vida que está chegando.
Vatican News
Olá, amigos da Rádio Vaticano! Aqui é Marlon e Ana Derosa.
Estamos no tempo do Advento, um tempo de espera ativa e cheia de significado. Da mesma forma, uma gestação também é uma espera profunda, cheia de esperança e expectativas. Ambos anunciam uma vida nova que, ao chegar, transforma tudo ao redor. Esse paralelismo nos convida a contemplar a Sagrada Família e refletir sobre a missão que cada família cristã recebe: preparar-se interiormente para acolher, proteger e celebrar o dom da vida.
No Advento, a Igreja nos chama a fortalecer o coração do lar, renovando a oração em casal, educando os filhos segundo a dignidade humana e recordando que o amor cotidiano é o primeiro evangelho que as crianças leem. Também é tempo de olhar para a comunidade, apoiando mães em situações difíceis, criando espaços de acolhimento para gestantes vulneráveis e promovendo ações pró-vida concretas. Aos jovens, o Advento oferece a oportunidade de redescobrir o amor de Deus, a beleza da vida, da maternidade e da paternidade como vocações sagradas.
A Escritura confirma essa verdade: Deus conhece e ama cada vida antes mesmo da concepção, conforme escreveu o profeta Jeremias (Jr 1,5), e Cristo veio para que tenhamos vida em abundância (Jo 10,10). Acolher essa verdade nos prepara para receber a Vida que nasce em Belém e a vida que Deus confia a cada família.
A Sagrada Família é o modelo perfeito de santidade. Nela, Deus confiou Sua própria obra criadora. Maria foi preparada desde o início para ser Mãe do Salvador, preservada do pecado original; José recebeu graças extraordinárias para exercer sua missão de pai do Menino-Deus. No lar de Nazaré, onde Jesus seria formado, não havia espaço para o pecado, mas sim para a graça abundante. Essa família revela o que toda família cristã é chamada a ser: santa, unida à vontade de Deus e colaboradora do Seu amor criador.
Cristo, novo Adão, mostra que cada pessoa se realiza na medida em que O imita. No contexto familiar, isso significa viver as virtudes de Maria e José: o homem é convidado a ser justo, obediente, prudente, protetor, fiel e forte como São José; a mulher, a cultivar a obediência, fidelidade, humildade, paciência e pureza como Maria. Assim, a família encontra, na Sagrada Família, não apenas inspiração, mas um caminho concreto de santificação.
Por isso, todo matrimônio cristão é chamado a ser um “santuário da vida”. O “fiat” de Maria (“Faça-se em mim segundo a Tua palavra”) torna-se também o sim do casal que acolhe a vontade de Deus, abrindo-se à fecundidade natural e espiritual. A abertura à vida não é apenas um princípio moral, mas um ato de fé que transforma a casa em um lugar onde Deus cria, abençoa e habita.
A gestação é uma espera singular: desde a concepção, a mulher já é mãe, e o bebê já é alguém: único, amado e irrepetível. A Escritura também confirma isso: João Batista exulta no ventre ao encontrar Jesus ainda não nascido. Assim, a gestação é uma presença oculta, santa, que transforma um casal em família e revela o poder criador de Deus.
Defender a vida é cuidar do próprio Cristo, como Ele ensina em Mateus, 25: tudo o que fazemos aos mais pequeninos, fazemos a Ele. E não há vulnerabilidade maior do que a vida no ventre materno. Maria e José enfrentaram incertezas enormes com fé e coragem. Hoje, muitos casais enfrentam ansiedade e medo, influenciados pela mentalidade antinatalista que transforma a gestação em risco, quando ela é, na verdade, o curso ordinário da natureza humana e a maior bênção de Deus.
A sacralidade da vida começa no instante invisível da concepção, quando Deus já conhece e chama cada criança pelo nome. As palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas”, recordam que Ele acolhe e abençoa cada vida. O nascimento de Jesus em humildade mostra que a dignidade humana não depende de condições materiais, mas de sua origem divina. Se o Salvador nasce pequeno e frágil, toda fragilidade humana também é lugar de encontro com Deus.
Defender a vida, portanto, não é apenas rejeitar o aborto, mas assumir uma postura ativa: apoiar mães vulneráveis, acolher gestantes, proteger os bebês não-nascidos, incentivar e fortalecer a fecundidade das famílias e formar uma cultura que valorize cada vida.
Neste tempo de proximidade com o Natal, que cada casal possa refletir profundamente sobre sua fecundidade e abertura à vida. E que, enquanto Igreja, possamos refletir sobre como crescer as ações pastorais de valorização à vida.
Um grande abraço a todos!
Fonte: Vatican News
