
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em recado a Donald Trump, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta terça-feira (16) que é necessário analisar as causas do consumo de fentanil antes de classificar a droga como uma “arma de destruição em massa”, como fez o presidente dos Estados Unidos no dia anterior.
Trump assinou na segunda (15) um decreto que equipara o fentanil, opioide sintético potente, a uma arma de destruição em massa, numa categoria que inclui, além de bombas atômicas, armas biológicas, como o antraz, ou químicas, como o gás sarin.
O fentanil está no centro de uma crise de saúde pública nos EUA, com dezenas de milhares de mortes registradas todos os anos por overdose.
Em entrevista coletiva, Sheinbaum disse ter abordado o tema diretamente com seu homólogo americano. Segundo ela, a resposta ao problema não pode se limitar à reclassificação da droga. “É preciso discutir as causas do consumo, não apenas essa visão de catalogar uma das drogas como arma de destruição letal.”
A presidente afirmou que seu governo ainda está analisando o alcance do decreto assinado por Trump e reiterou a rejeição do México a “qualquer intervenção” dos EUA em seu território. O americano assinou a norma após uma cerimônia de entrega de medalhas a militares que atuam no apoio às operações de vigilância na fronteira entre os dois países.
Sob pressão do presidente republicano, o governo mexicano tem intensificado ações contra o narcotráfico com o objetivo de frear o envio de drogas sintéticas, caso do fentanil, para os EUA. Apesar disso, a agência antidrogas americana, a DEA, sustenta que os cartéis mexicanos estão “no coração da crise de drogas sintéticas” enfrentada pelo país.
Dados oficiais indicam a dimensão do problema: cerca de 48 mil pessoas morreram no ano passado nos EUA em decorrência do uso de fentanil, de um total aproximado de 80 mil mortes por overdose.
Em novembro, o México extraditou para os EUA o cidadão chinês Zhi Dong Zhang, apontado como peça-chave do tráfico internacional de fentanil. Ele havia sido preso em Cuba após fugir do território mexicano e foi formalmente acusado de crimes relacionados ao narcotráfico em solo americano.
Defensor de um endurecimento da política de combate às drogas, Trump assinou no início de seu mandato um decreto que classificou diversos cartéis de “organizações terroristas”, incluindo vários de origem mexicana.
Fonte: Notícias ao Minuto




