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Leão XIV: a esperança do cego Bartimeu – Vatican News

“‘Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim!’. Esta oração, que busca a oração contínua através da repetição constante, pode ser ritmada com a respiração e se transforma de uma prática verbal para uma forte e eficaz oração interior. Ritmar a oração com a sua respiração pode ajudar a criar um foco. A invocação pode ser feita a cada expiração, por exemplo. O silêncio interior ajudará”.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

O “Ano da Esperança”, que se encaminha para seu encerramento, pode ser visto como um tempo de renovação e fé, muito semelhante à cura de Bartimeu, um cego que, ao clamar por Jesus, demonstrou uma confiança inabalável na possibilidade de transformação de sua vida. Assim como Bartimeu, que não permitiu que a multidão o silenciasse e, ao contrário, persistiu em sua busca por ajuda, o Ano da Esperança convida as pessoas a acreditarem na mudança e na superação das dificuldades. A cura de Bartimeu, ao restituir-lhe a visão, simboliza a luz que a esperança traz em momentos de escuridão, reforçando a ideia de que, mesmo nas situações mais desafiadoras, a fé e a perseverança podem levar à libertação e ao recomeço.

Dando sequência a sua série de reflexões sobre a esperança neste Ano Jubilar, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje “Leão XIV: a esperança do cego Bartimeu”:

 

“Na Audiência Geral de quarta-feira, 11 de junho de 2025, Leão XIV, reflete sobre o Cego Bartimeu, quando no Evangelho se lê: “Tem coragem, levanta-te! Ele te chama” (Mc 10,49). O Papa diz: “O personagem que nos acompanha nesta reflexão nos ajuda a compreender que nunca devemos abandonar a esperança, mesmo quando nos sentimos perdidos. Trata-se de Bartimeu, cego e mendigo, que Jesus encontrou em Jericó (cf. Mc 10, 40-52). O lugar é significativo: Jesus está a caminho de Jerusalém, mas inicia a sua viagem, por assim dizer, a partir do “submundo” de Jericó, uma cidade abaixo do nível do mar. Com efeito, com a sua morte, Jesus foi recuperar aquele Adão que caiu em baixo e que representa cada um de nós”. É interessante essa localização de Jericó, onde no caminho, Jesus também encontra Zaqueu. É também nessa descida que Jesus desenha a parábola do bom samaritano.

Papa Leão comenta assim essa parábola de Bartimeu: “Bartimeu significa filho de Timeu: descreve aquele homem através de uma relação, mas está dramaticamente só. No entanto, este nome poderia significar também “filho da honra”, ou “da admiração”, exatamente o oposto da situação em que se encontra (é a interpretação dada também por Santo Agostinho em O consenso dos evangelistas, 2, 65, 125: PL 34, 1138). E dado que o nome é tão importante na cultura judaica, significa que Bartimeu não consegue viver o que é chamado a ser”. Muito significativo essa frase do Papa: Bartimeu não consegue viver o que é chamado a ser. Seu nome traduzido é ser filho de honra, mas, no entanto, está na escuridão de não poder enxergar. Seu nome traduz etimologicamente ser “filho da admiração”, e, no entanto, está vivendo sem poder admirar as coisas, por causa de sua cegueira. Também nós, muitas vezes em nossa genuinidade, em nosso proceder, não conseguimos viver o que somos chamados a ser pelo batismo. O jovem São Carlo Acutis tem uma frase semelhante nesse sentido: “Todos nascemos originais, mas muitos morrem fotocópias”.

Nessa passagem bíblica de Bartimeu parece estranho Jesus perguntar para um cego o que deseja que Jesus faça por Ele. Soa muito estranho que não pareça óbvio que ele queira enxergar, ver de novo, pois já enxergava um dia e se tornou cego. O Papa Leão XIV responde a essa nossa dúvida aqui do Evangelho, afirmando assim: “Até a pergunta que Jesus lhe dirige parece estranha: «Que queres que eu te faça?» (v. 51). Mas, na realidade, não é óbvio que queiramos ser curados das nossas doenças, às vezes preferimos ficar parados para não assumir responsabilidades. A resposta de Bartimeu é profunda: utiliza o verbo anablepein, que pode significar “ver de novo”, mas que poderíamos traduzir também como “elevar o olhar”.

Com efeito, Bartimeu não só quer voltar a ver, mas também quer recuperar a sua dignidade! Para elevar o olhar, é preciso levantar a cabeça. Às vezes, as pessoas estão bloqueadas porque a vida as humilhou e só desejam reencontrar o seu valor”. Esse é o convite par esse Ano da Esperança que já esta findando: Levantar a cabeça, recuperar nossa dignidade, reencontrar nosso valor. Essa foi a prece do pobre cego Bartimeu. Marcos conclui a narrativa evangélica, referindo que Bartimeu começou a seguir Jesus: escolheu livremente seguir aquele que é o Caminho! Jesus é peregrino de esperança e nos conduz para Ele. Atrai todos para Ele, recupera nosso olhar sem alento e sem ânimo.

O personagem Bartimeu, que nos aponta essa audiência do Papa nesta reflexão, é um homem cego e mendicante. Como Ele gritou e confiou, nunca devemos abandonar a esperança, mesmo quando nos sentimos perdidos, sem rumo, sem poder enxergar com clareza nossa direção. O seu grito «Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!» tornou-se uma oração que também nós podemos usar quando nos encontramos numa situação difícil, aparentemente sem saída.

Essa oração se tornou uma grande prece do Peregrino Russo, que rendeu livros, filmes e orações meditativas, chamada também de “oração do coração”. Trata-se de um poderoso curta, mas direta ao coração divino. Essa frase é como um mantra, na batida de nosso coração, colocamos nossa mente e alma em prece a cada momento difícil: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!».

A oração do Peregrino Russo é a Oração de Jesus, que consiste na invocação: “Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim!”. Esta oração, que busca a oração contínua através da repetição constante, pode ser ritmada com a respiração e se transforma de uma prática verbal para uma forte e eficaz oração interior. Ritmar a oração com a sua respiração pode ajudar a criar um foco. A invocação pode ser feita a cada expiração, por exemplo. O silêncio interior ajudará. Ao praticar esse mantra em forma repetida de oração constante, tente se despojar dos pensamentos e do ruído exterior, a fim de se concentrar na repetição da oração e na sua experiência interior.

O objetivo final dessa experiência de prece é alcançar a “oração sem cessar” a que o apóstolo Paulo se refere, onde a oração se torna uma presença constante no coração e na mente, independentemente do que você esteja fazendo.

A fé é causa de salvação para Bartimeu e para qualquer um de nós que invocamos a ajuda do Senhor e não podemos perder a esperança da luz de Deus. Jesus nos cura para que possamos ser verdadeiramente livres; e Bartimeu, após voltar a ver, escolheu livremente seguir Aquele que é a Verdade, Caminho seguro, pois ninguém vai ao Pai senão por Ele. Após Jesus nos abrir os olhos, nossa resposta é o seu seguimento fiel e mais decisivo.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.


Fonte: Vatican News

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