
39 representantes da Família Comboniana, incluindo representantes das Irmãs Missionárias Combonianas, dos Leigos e Leigas Missionárias Combonianas, dos Missionários Seculares Combonianos e dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, reuniram-se em Belém (PA), de 11 a 18 de novembro de 2025, por ocasião da COP30, que ocorre nesta cidade amazônica de 10 a 21 de novembro.
Padre Luis Miguel Modino – Belém
O Fórum da Família Comboniana sobre Ecologia Integral – COP30, contou com a participação de mulheres e homens de 15 países, incluindo Congo, Moçambique, Quênia, Uganda, Filipinas, Costa Rica, Equador, Colômbia, Guatemala, México, Brasil, Peru, Espanha e Itália, participaram. Entre os presentes estavam o bispo auxiliar Léonard Ndjadi Ndjate, da arquidiocese de Kisangani (Congo), o padre Dario Bossi, presidente da Rede Igreja e Mineração, e a irmã Gabriela Bottani, Coordenadora da Rede Talitha Kum, rede da Vida Religiosa que coordena o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
A Mensagem Final afirma que “estes foram dias de encontro e escuta do Espírito presente na luta dos povos amazônicos e do mundo inteiro”. Este encontro foi motivado pela “convicção de que, neste momento decisivo, importantes páginas da história estão sendo escritas ao lado das demandas e propostas das comunidades em defesa do multilateralismo entre os povos, contra todas as formas de negacionismo e contra os interesses daqueles que defendem o lucro acima da vida”.
A Família Comboniana exalta o papel da Amazônia, “um território de resistência e inspiração, fundamentado na sabedoria ancestral e no misticismo de seus povos”. O texto denuncia “a grave crise socioambiental que estamos vivenciando: uma crise civilizacional que exige uma profunda conversão de nossos estilos de vida individuais e coletivos, desta economia que mata, e de uma espiritualidade cristã que separou o Criador de suas criaturas”.
Membros de uma Igreja em saída
Uma COP com liderança indígena, cujas vidas e sonhos levaram os participantes do encontro a dizer que “em Belém sentimos fortemente o cheiro da missão!”. Eles se sentiram como “uma Igreja em saída, em busca de transformação, aliada ao saber ancestral e científico, em um diálogo ecumênico e inter-religioso que abre mentes e corações”.
A Família Comboniana participou da COP30 de diversas maneiras e, com base em seu carisma, propôs várias diretrizes de ação, que têm a ver com conversão ecológica, formação em ecologia integral, união às diversas iniciativas para o cuidado de nossa Casa Comum, advocacia política, entre outros aspectos.
FÓRUM DA FAMÍLIA COMBONIANA SOBRE ECOLOGIA INTEGRAL – COP30
“Respondendo ao Clamor da Terra e dos Empobrecidos”
Mensagem Final
“Sabemos que toda a criação geme até agora, sofrendo as dores de parto. E não só a criação, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, aguardando ansiosamente a nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo” (Romanos 8:22).
“Não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa crise socioambiental” (LS, 139).
Convocados pelo clamor dos pobres e da terra, trinta e nove representantes da Família Comboniana reuniram-se em Belém (Brasil) por ocasião da COP30 para participar do Fórum sobre Ecologia Integral.
De 11 a 18 de novembro, participamos de todos os espaços de encontro e debate organizados em torno da COP30 e dedicamos tempo ao trabalho conjunto, compartilhando momentos de espiritualidade e refletindo sobre o que nos tocou no que ouvimos e vimos na COP30. Foram dias de encontro e escuta do Espírito presente na luta dos povos amazônicos e do mundo inteiro.
Reunimo-nos em Belém com a convicção de que, neste momento decisivo, importantes páginas da história estão sendo escritas ao lado das demandas e propostas das comunidades em apoio ao multilateralismo entre os povos, contra todas as formas de negacionismo e contra os interesses daqueles que defendem o lucro acima da vida.
A Amazônia, que sedia a COP30, é um território de resistência e inspiração, baseado na sabedoria ancestral e no misticismo de seus povos. Ouvir seus povos confirma nossa percepção da grave crise socioambiental que estamos vivenciando: uma crise civilizacional que exige uma profunda conversão de nossos estilos de vida individuais e coletivos, desta economia que mata e de uma espiritualidade cristã que separou o Criador de suas criaturas.
A confluência das águas na foz do Rio Amazonas reuniu povos de todo o mundo, com uma presença indígena proeminente e cada vez mais consciente e organizada. Dá-nos esperança partilhar as vidas e os sonhos desses povos: em Belém, sentimos fortemente o cheiro da missão!
Sentimo-nos parte de uma Igreja que avança, buscando a transformação, aliada ao conhecimento ancestral e científico, num diálogo ecuménico e inter-religioso que abre mentes e corações. Celebramos a vida de muitos mártires, que fizeram e continuam a fazer causa comum com o clamor da Terra e das comunidades empobrecidas.
Participamos em muitos debates, nas áreas institucionais da COP, na Cúpula dos Povos e no Tapiri Inter-religioso, e aprofundámos uma visão sistémica da emergência ambiental e climática que estamos a viver. As comunidades de fé, as igrejas e a vida consagrada têm um potencial e uma responsabilidade únicos para oferecer um caminho de esperança neste contexto, e este caminho chama-se espiritualidade da Ecologia Integral.
Como pessoas convencidas e motivadas pelo tesouro do carisma Comboniano e pelo legado da doutrina social da Igreja, que relança a evangelização como promoção da dignidade da pessoa em todas as suas dimensões, renovamos o nosso compromisso como Família Comboniana e propomos as seguintes diretrizes de ação:
• Promover e sustentar a conversão ecológica a nível pessoal e comunitário, a fim de transformar todas as relações baseadas em desigualdades e injustiças (colonialidade, racismo, género);
• Desenvolver processos de formação inicial e permanente em Ecologia Integral e cultivar uma espiritualidade encarnada, libertadora e fundada na colaboração em rede, valorizando a vida litúrgica nas nossas comunidades;
• Caminhar juntos como Igreja, valorizando iniciativas em curso como a Plataforma de Iniciativas Laudato Si’, Semeando Esperança para o Planeta, o Tempo da Criação e a Semana Laudato Si’, aprofundando a nossa compreensão dos ensinamentos da Igreja e, em particular, do Apelo das Igrejas do Sul Global à Justiça Climática e à Nossa Casa Comum;
• Mapear e dar visibilidade às práticas da Família Comboniana para aumentar a conscientização sobre o alcance do nosso compromisso com a Ecologia Integral, incluindo estilos de vida simples e austeros;
• Reivindicar o Pacto Comboniano para a Nossa Casa Comum;
• Cooperar com os meios de comunicação da Família Comboniana no compromisso missionário com a Ecologia Integral;
• Integrar a Ecologia Integral na educação e formação popular em nossas comunidades, utilizando metodologias apropriadas para diferentes idades e contextos;
• Apoiar os esforços de incidência política das comunidades locais, com a participação ativa dessas comunidades, promovendo também atividades que implementem possíveis modelos econômicos alternativos, inspirados na Economia de Francisco e Clara;
• Facilitar a colaboração entre os diferentes ramos da Família Comboniana dando continuidade ao trabalho de uma Comissão Geral, incluindo a promoção de um intercâmbio sobre as nossas práticas através de seminários online de formação duas vezes por ano.
Agradecemos a Deus e ao povo que nos acolheu e, de modo especial, à equipe de coordenação que organizou o Fórum e a todos os que o tornaram possível.
Que esta semente plantada no solo da Família Comboniana dê frutos de renovado compromisso, em resposta à urgência dos sinais dos tempos!
Belém, 18 de novembro de 2025.
Irmãs Missionárias Combonianas
Leigos e Leigas Missionárias Combonianas
Missionários Leigos Combonianos
Missionários Combonianos do Coração de Jesus
Fonte: Vatican News
