
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a votação do projeto de lei antifacção pelos deputados nesta terça-feira (18) gera uma “crise de confiança” do governo Lula (PT) com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
“É claro que tem uma crise aqui de confiança, é claro que todo mundo sabe que o presidente [Lula] reclamou muito, é um projeto de autoria do Poder Executivo”, afirmou Lindbergh à imprensa após a votação do projeto.
A Câmara aprovou o projeto por 370 a 110 votos, num revés para o governo, que tentou adiar a votação por discordar das mudanças feitas ao texto. Aliados de Lula e integrantes do governo acusaram o relator do projeto, Guilherme Derrite (PP-SP) de ter descaracterizado o texto do Executivo.
Parlamentares da base aliada e integrantes do Palácio do Planalto criticaram a condução de Motta nesse processo, desde a designação de Derrite para relatar a matéria até o que consideraram um açodamento na votação e falta de abertura ao diálogo, renovando sentimento de desconfiança com o deputado.
Derrite é secretário de segurança da gestão Tarcísio de Freitas, considerado potencial adversário de Lula em 2026. A escolha de Motta ocorreu num momento em que ele vinha se aproximando do governo federal, e passou a ser criticado internamente pelos deputados.
Lindbergh disse que “essa não é a primeira vez” que há ruídos na relação com Motta, citando quando a Câmara derrubou decretos do Executivo que mexiam nas alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
“Não é a primeira vez que isso acontece. Foi mesma coisa no caso IOF. Botaram o IOF, arrumaram uma votação como aquela. Acharam que tinham derrotado o governo e o governo virou o jogo. Não tenho dúvidas que isso vai acontecer da mesma forma nesse caso. Vamos mostrar e apontar que, por trás desse relatório, tem várias armadilhas para proteger o andar de cima”, disse o petista.
Há uma avaliação entre aliados de Lula de que Motta é oscilante, dando sinalizações dúbias. Motta foi eleito presidente da Câmara com apoio do PT ao PL e, desde o começo de sua gestão, tem feito gestos de um lado a outro, tornando-se alvo de críticas. Governistas afirmam, no entanto, que em momentos cruciais neste ano, ele esteve mais alinhado com a oposição do que com o governo.
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