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Alcolumbre demonstra frustração após Lula escolher Messias para o STF: ‘Fazer o quê?’

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), demonstrou publicamente nesta terça-feira (18), pela primeira vez, seu descontentamento com a iminente indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele queria que o escolhido fosse o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um de seus principais aliados.

A preferência do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por Messias é conhecida do mundo político há semanas. Na noite de segunda (17), porém, o petista teve uma última conversa decisiva com Pacheco e o avisou de que o indicado seria o advogado-geral da União. A reunião foi revelada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha.

Alcolumbre foi abordado por jornalistas duas vezes nesta terça com perguntas sobre o tema. Na primeira, evitou dar declarações. Na segunda, disse inicialmente que só teria respostas para matérias que já tramitam no Senado.

O senador, porém, disse o seguinte após ser questionado se esperaria a indicação de Messias chegar oficialmente à Casa: “Tem que esperar, fazer o quê? Se eu pudesse, eu fazia a indicação.”

Lula gostaria que Pacheco fosse candidato ao governo de Minas Gerais e o apoiasse em sua campanha de reeleição. O ex-presidente do Senado, porém, indicou que deverá abandonar sua carreira política e voltar a ser advogado.

A perspectiva do fim da carreira política de Pacheco deixou Alcolumbre especialmente chateado, segundo aliados do senador amapaense. Os dois são aliados próximos há anos.

Alcolumbre era presidente do Senado em 2021 e articulou a primeira eleição de Pacheco para o cargo. Depois, Pacheco o manteve em posições de poder que facilitaram sua volta ao comando da Casa, em 2025.

A análise no entorno do presidente do Senado é que a relação entre Alcolumbre e Lula fica abalada com a escolha do chefe do Planalto por Messias. O senador foi, ao menos até o momento, um dos principais aliados do governo petista.

A indicação de nomes para vagas no STF cabe à Presidência da República, mas os indicados precisam ser aprovados pelo Senado. Alcolumbre tem indicado nos bastidores que não ajudará o advogado-geral da União a obter o mínimo de 41 votos favoráveis necessário para ter o aval da Casa.

Na última semana, a votação apertada que os senadores deram a favor da recondução de Paulo Gonet como procurador-geral da República foi um recado a Lula sobre a indicação de Messias. Ele teve 45 votos, só 4 a mais do que precisava. Foi o placar mais apertado para um procurador-geral desde a redemocratização, nos anos 1980.

A avaliação no Senado é que Gonet correu risco de ser rejeitado, apesar de ser benquisto pela maioria dos senadores. Ele foi aprovado depois de uma mobilização de alguns dos senadores mais influentes. Alcolumbre foi decisivo para garantir o mínimo de votos necessários para Gonet ganhar mais dois anos de mandato –o que ele não deve fazer por Messias.

Depois da votação de Gonet, aliados do governo que também gostariam de ver Pacheco no STF procuraram ministros próximos a Lula para aumentar a pressão contra a indicação de Messias. Lula, porém, entende que a indicação de nomes para o STF cabe ao presidente da República, sem sujeição a pressões externas.

A vaga no STF foi aberta depois de o agora ex-ministro Luís Roberto Barroso antecipar sua aposentadoria. Ele poderia ficar no tribunal até os 75 anos, mas decidiu deixar o posto com 67, depois de concluir seu mandato como presidente da Corte.


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