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O Jubileu da Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro – Vatican News


Nesta preparação para o jubileu de ouro, uma vasta e extensa programação foi organizada para que todos participem, celebrem e reafirmem a Catedral como a casa de Deus, de irmãos e de todos!

 Côn. Cláudio dos Santos – Pároco da Catedral Metropolitana e Pe. Arthur José – Vigário Paroquial

A história da nossa Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro tem sua origem a partir da primeira igreja e paróquia na cidade recém fundada (ambas dedicadas a São Sebastião, seu padroeiro) e edificada sobre o extinto Morro do Castelo. Esta Igreja abrigava a imagem de São Sebastião trazida na expedição de Estácio de Sá quando fundara a cidade. É também atribuída a São Sebastião a proteção, defesa e vitória sobre a invasão dos franceses na Batalha de Canoas a 20 de janeiro de 1567.

Com crescimento da população e da evangelização no território carioca, o Papa Gregório XIII a 19 de julho de 1575 criou a Prelazia de São Sebastião. Mais tarde, o Papa Inocêncio XI a 16 de novembro de 1676 através da bula Romani Pontificis pastoralis solicitudo (A solicitude pastoral do Romano Pontífice) elevou-a à condição de Diocese porque “o Evangelho semeado nesta cidade maravilhosa germinou e produziu abundantes frutos para a fé e para a missão” (TEMPESTA, O. Carta Pastoral “Um tempo para celebrar e evangelizar”). Nesta mesma bula, o Papa confere com honra o grau de Catedral a primeira Igreja paroquial de São Sebastião determinando ao primeiro Bispo “que a presida e faça ampliar as suas estruturas e edifícios, dando-lhe a forma de uma igreja catedral”.

Na bula Apostolatus officium ao primeiro bispo diocesano Dom Manuel Pereira, o Papa Inocêncio XI afirmou que “encontrando-se pois a Igreja de São Sebastião, recentemente Igreja Paroquial sob a invocação do mesmo São Sebastião da mencionada cidade de São Sebastião – cidade que Nós hoje, a pedido do amado filho o Nobre Dom Pedro Príncipe e Governador de Portugal e Algarves, ouvido o parecer dos nossos Veneráveis Irmãos, da plenitude do poder apostólico e com autoridade apostólica, erigimos e instituímos como Cidade-sede, e a Igreja Paroquial como Igreja Catedral”.

Em sua história, a Catedral de São Sebastião possuiu várias sedes. A primeira, em 1676 com a criação da Diocese, na Igreja de São Sebastião no Morro do Castelo e até 1734 quando é transferida para a Igreja Santa Cruz dos Militares devido às condições insalubres no Morro do Castelo; depois em 1737, na Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos. Com a vinda da família real, Dom João VI em 1808 transfere-a para a Igreja Nossa Senhora do Carmo permanecendo até o dia 20 de julho de 1976 (neste dia e por decreto foi criada a Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé). Vale ressaltar que em 27 de abril de 1892, o Papa Leão XIII através da bula Ad universas orbis ecclesias elevou a diocese à categoria de Sé Metropolitana (Arquidiocese). Com esta elevação passou-se a chamar “Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro”.

No governo pastoral do 4º Arcebispo, o Cardeal Jaime de Barros Câmara empreendeu um desafio: que a Catedral de São Sebastião tivesse um lugar próprio (tal como foi a sua origem na primeira igreja da cidade) para acolher os cristãos católicos cada vez mais crescentes na cidade. Foi então que o Monsenhor Ivo Antônio Calliari, sacerdote do clero diocesano, posteriormente primeiro pároco, idealizou e coordenou o protejo da nova Catedral. Aos 20 de janeiro de 1964 após a procissão de São Sebastião, o Cardeal Câmara abençoou a pedra fundamental e a depositou no centro do terreno onde seria erguida a Catedral. Embora não possa ser vista, podemos localizá-la abaixo do altar da cripta que por sua vez está na mesma direção que o altar-mor e a cruz no andar onde está localizado o templo. Esta bela arquitetura faz-nos compreender que a centralidade é Cristo que nos faz um consigo.

Em 16 de novembro de 1976, quando comemorávamos o tricentenário da criação da diocese, o Emmº Cardeal Eugenio Sales, 5º Arcebispo, presidiu a Missa Solene onde sagrou o altar-mor da Catedral da Av. Chile para iniciar “os serviços religiosos regulares”. Com esta celebração litúrgica decretou em documento assinado a 20 de novembro de 1976 a transferência “de modo perpétuo e absoluto, a Sé Metropolitana para a Catedral de São Sebastião, na Avenida Chile, com todos os direitos e privilégios que lhe são atribuídos pela legislação canônica em vigor”. Relatos comoventes desta época nos informam uma bela procissão com 5.000 fiéis que transladou os paramentos e objetos litúrgicos para a nova Sé onde houve Missa Solene inaugural participada por 15.000 fiéis.

Muito embora a criação de uma Diocese compreenda em sua natureza a existência duma Catedral, há uma importância e um profundo sentido teológico e pastoral para a vida de fé da comunidade cristã e a cidade celebrarmos os 50 anos do templo definitivo da Catedral.

ASPECTOS TEOLÓGICOS

A Catedral é um igreja onde está a cátedra do Bispo, símbolo de sua tríplice missão pastoral: santificar (pela liturgia), ensinar (magistério) e governar (como um Pastor) o rebanho do Senhor naquela determinada localidade; é também sinal de unidade dos que professam a fé católica que o Bispo anuncia como pastor do rebanho. Neste jubileu fazemos memória das maravilhas que Deus realizou na história da nossa Arquidiocese e continua realizando em nós. É um processo de construção, como ensina S. Agostinho no Sermão 336, 1.6.

A Catedral do Rio de Janeiro possui uma característica moderna peculiar e que precisa ser compreendida no seu sentido cristão mais profundo. Para tanto, precisamos, além do esforço, alcançar uma maturidade na vida e na fé para o crescimento e a edificação. Do contrário, seremos mais um a considerarmos apenas o elemento material desprovido de qualquer configuração divina. Continua S. Agostinho: “O que vemos aqui, materialmente, nas paredes, sucede espiritualmente em vosso íntimo”. E também, não podemos esquecer que Deus se serviu “de muitos modos e maneiras para comunicar a salvação” (Hb 1,1).

Toda a Catedral é imagem figurativa da Igreja visível de Cristo, e de seu corpo místico cujos membros estão “unidos na caridade e são alimentados pelo orvalho dos dons celestes”. O Cerimonial dos Bispos n. 42 – 45 ensina que: “sendo a catedral o centro da vida litúrgica da diocese, inculque-se no espírito dos fiéis, da maneira mais oportuna, o amor e veneração para com a Igreja catedral. Para isto, muito contribui a celebração do aniversário da sua dedicação, bem como peregrinações dos fiéis em piedosa visita”. Visitar a Catedral é reafirmar a fé católica, a unidade e a obediência ao Bispo, sucessor dos Apóstolos.

Ela é expressão do templo espiritual que é edificado no interior das almas e que, tal como sua grandiosidade física, é a magnificência da graça divina sobre a humanidade que levou S. Paulo afirmar: “vós sois o templo do Deus vivo” (2Cor 6,16). Dentro dela vemos a nossa pequenez e o grande e envolvente amor de Deus sobre nós. No processo da construção, S. Agostinho afirma que “Deus iluminou os fiéis, despertou afeto, deu ajuda, inspirou os que ainda não a queriam a querê-la, levando a termo os esforços de sua boa vontade. E deste modo Deus, que realiza nos seus tanto o querer como fazer, conforme o seu desígnio benevolente (Fl 2,13), começou e concluiu tudo isto”. Ela é, portanto, a expressão da obra que Deus está realizando em cada um e que levará à bom termo.

O presbítero Orígenes na Homilia 9,1-2 (sobre o Livro de Josué) ao servir-se da imagem da “pedra viva” em relação à construção do casa/ edifício e também do altar, ensina que o alicerce/ a pedra principal ou angular é Cristo; as primeiras pedras são as mais sólidas e resistentes e estas são os apóstolos e os profetas. Quem obedece a Palavra de Deus e os Apóstolos e seus sucessores (Magistério/ Papa/ Bispo), está alicerçado em Cristo, logo, sólido e firme; sobre o altar, Orígenes ensina que as pedras devem ser nobres, ou seja, inteiras e intocadas. E, como o altar é formado por um conjunto de pedras, assim é a vida e missão dos apóstolos: unânimes e concordes. Nossa vida precisa ser um altar para que Cristo ofereça o sacrifício, “certamente”, afirma Orígenes “nos tornaremos pedras dignas do altar”. 

Esta construção que se serve da pedra e da madeira, segundo S. Agostinho é um processo laborioso: cortar, talhar, lavrar, acertar, aplainar, encaixar de forma ordenada, entrelaçar de forma pacífica, ajustar bem para não desabar. “O que vemos realizado na pedra e madeira, também se realize em vossos corpos, pela graça de Deus”, então acolhamos com esperança esta construção. Celebremos com festa o jubileu desta dedicada casa de Deus que somos nós; continuemos construindo neste mundo para sermos consagrados no fim dos tempos. A construção exige trabalho, mas a consagração realiza-se com alegria. 

ASPECTOS CELEBRATIVOS

Imersos na bela história, teologia e missão de nossa Catedral, iniciamos neste Domingo, 16 de novembro de 2025 a preparação para a celebração do Jubileu Ouro de nossa Catedral Metropolitana em 2026 e que está inserida nas celebrações do Ano Santo Arquidiocesano. É um tempo de graça revestido de indulgência plenária para a nossa santidade. Nesta preparação somos convidados a revisitar nossa história e também refletir sobre a importância da nossa condição batismal de filhos de Deus formando assim o seu povo, membros da Igreja que é o corpo de Cristo e templos do Espírito na diversidade de dons e carismas e que visivelmente encontra sua expressão quando nos reunimos em torno do Bispo na Catedral.

O tema e o lema

Nesta preparação para o jubileu de ouro, uma vasta e extensa programação foi organizada para que todos participem, celebrem e reafirmem a Catedral como a casa de Deus, de irmãos e de todos! Inspirados pela Palavra de Deus e pela realidade da Catedral Metropolitana para a nossa fé, a nossa cidade e o mundo inteiro que nos visita nortearemos nossas atividades e reflexão a partir do tema extraído de Is 56,7: “Casa de oração para todos os povos” e do lema: “Presença + Acolhimento + Comunhão”.

O tema reflete sobre o sentido da habitação de Deus no cosmos e na realidade humana; e o espaço físico, a Igreja, como local privilegiado para o orante dialogar com Deus. Essa habitação ou casa é universal, ou seja, é para todos, que por sua vez, são bem-vindos para entrar e viver uma experiência profunda de intimidade com o amor de Deus. Sendo uma casa universal de oração, a Catedral Metropolitana é o sinal da PRESENÇA de Deus na vida de cada pessoa, uma referência de fé; e no contexto urbano de sua localização, está inserida no centro histórico, empresarial e comercial da cidade para indicar a existência de um lugar sagrado para que, em meio ao labor e aos negócios, todos sintam-se chamados e convidados ao encontro com Deus numa casa onde são bem-vindos e, através da oração possam agradecer pela vida e os dons concedidos, suplicar por suas intenções e pedir sabedoria para administrar bem a vida e o trabalho. Sua arquitetura moderna desperta grande interesse pelo que pode significar um prédio cônico e moderno no centro histórico da cidade. Porém, a sua riqueza espiritual concentra-se no seu interior, tal como Deus olha o que está dentro do coração humano onde a sinceridade, a verdade e o belo residem. Ao entrar no templo não tem como não maravilhar-se pelo fato de ser a casa de Deus, a experiência do acolhimento, do congraçamento entre humanidade e fé, o impacto dos vitrais, o formato circular e outros elementos que só podem ser entendidos na perspectiva teológico-mistagógica. 

A Catedral é lugar do ACOLHIMENTO por excelência, porque, sendo casa do Senhor, todos devem encontrar neste lugar o amor de Deus que acolhe com gratuidade e abundância sem exceções e exclusões. Quando nos referimos a todos queremos indicar sobretudo aqueles que nada possuem, os pobres, os que vivem em situação de miséria e tem sua dignidade ferida, aniquilada e ameaçada, os doentes no corpo e na alma, as crianças, os jovens, os adultos e os idosos em geral e independente do estado de vida ou opção. Expressão concreta deste acolhimento são: o Centro Social São Sebastião com serviços diários para corte de cabelo, banho e lavanderia; o projeto “Café que sustenta” que aos domingos e há mais de 25 anos oferece gratuitamente café com leite e pão para cerca de mil pessoas em situação de vulnerabilidade social; ação social por ocasião do Natal, da Páscoa e outros momentos; o serviço de assistência social personalizada e encaminhamento de casos específicos; o Instituto da Providência (antigo Banco da Providência); o Centro de Acolhimento à Mulher “Nossa Senhora do Parto”; o projeto “Canto da Rua”; além do mais o nosso espaço que está sempre aberto para acolher a Ação Social das instituições públicas e privadas. Outro aspecto do acolhimento está no turismo. Em torno de mil turistas a visitam diariamente para rezar, buscar os sacramentos, conhecer a modernidade do templo, fazer registros fotográficos de sua arquitetura e dos imponentes vitrais e levar uma lembrança personalizada. Diariamente temos a celebração da Missa, confissões e bênçãos para todos. Em nossa cripta acolhemos as famílias enlutadas que guardam os despojos de seus entres queridos. No aspecto pastoral acolhemos muitos grupos e eventos grandiosos porque nossa capacidade comporta cinco mil pessoas sentadas e vinte mil em pé. Dispomos também de um Museu Sacro e um Arquivo Arquidiocesano, fonte preciosa de documentação para todo o país e seus pesquisadores.

A Catedral manifesta a COMUNHÃO com Deus e com todos os entre si tornando-a visível quando nos reunimos em torno do Bispo. A sua dimensão cônica nos indica a centralidade de Cristo, fonte de comunhão que nos reúne para glorificar o Pai que está nos céus. Aqui, muitas pessoas se congregam na mesma fé e unidade para que fortalecidas pela graça que aqui é derramada sejam capazes de testemunhar o amor e a presença viva de Deus em meio a tantas adversidades e necessidades.

A programação do jubileu da Catedral

A programação do jubileu da Catedral está inserida no contexto do Ano Santo Arquidiocesano que celebra os 450 anos da criação da Prelazia e os 350 anos da elevação à Diocese. Este Ano Santo Arquidiocesano foi enriquecido com a indulgência plenária e a Catedral Metropolitana é um dos locais para lucrá-la tal como determinou a Penitenciaria Apostólica através do pedido que o Arcebispo fez ao Papa. E para lucrar a indulgência plenária é preciso cumprir as condições: 1) estar em estado de graça pelo sacramento da Confissão, 2) receber a comunhão eucarística, 3) rezar nas intenções do Papa (Credo, Pai nosso e invocação à Nossa Senhora) e 4) deslocar-se em espírito de peregrinação à Catedral. A indulgência plenária pode ser aplicada aos defuntos e os idosos, enfermos e reclusos podem recebe-la desde que cumpram as três condições e estejam “unidos espiritualmente às celebrações jubilares por meio de suas preces e dores, ou dos incômodos da própria vida oferecidos a Deus misericordioso” (Decreto da Penitenciaria Apostólica acerca do jubileu arquidiocesano)

Para prepararmos este jubileu, cada vicariato territorial organizará uma peregrinação à Catedral em um sábado pela manhã ou outro dia. Na Catedral, celebrarão a Eucaristia, farão a oferta aos pobres e cada paróquia, identificada por uma placa, comporá um painel com todas as Paróquias da Arquidiocese para significar a comunhão e a unidade. Os vicariatos não territoriais, as pastorais, movimentos, grupos e todos os organismos presentes em nossa Arquidiocese também farão à peregrinação à Igreja Mãe da Arquidiocese.

As visitas guiadas à Catedral continuarão para que todos possam conhecê-la em sua história, arquitetura e composição teológica e litúrgica. O Museu Arquidiocesano de Arte Sacra preparará uma exposição sobre o jubileu arquidiocesano onde a Catedral se destaca com um elemento fundamental na história.    

Participe! Celebre conosco e seja muito bem-vindo e acolhido!


Fonte: Vatican News

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