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Angola – Congresso de Reconciliação: Um gesto de cura – Vatican News

O Arcebispo de Saurimo e Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Dom José Manuel Imbamba, afirmou que o Congresso Nacional da Reconciliação, encerrado neste domingo (9/11) com uma missa solene na Paróquia do Santíssimo Redentor, no município do Kilamba (Luanda), representou “uma jornada de profunda reflexão, um gesto de cura e libertação” para o povo angolano.

Anastácio Sasembele – Luanda 

Durante a celebração, o prelado sublinhou que a reconciliação não pode limitar-se a um evento ou discurso, devendo ser um compromisso diário vivido nas famílias, nas comunidades, nos locais de trabalho, nas instituições culturais e na vida associativa.

Precisamos de continuar este processo todos os dias, porque a reconciliação é um caminho permanente. É preciso regenerar a cultura social, espiritual e política do país, para que Angola reencontre a harmonia e o verdadeiro bem-estar”, apelou Dom Imbamba.

O Congresso Nacional da Reconciliação decorreu de 6 a 9 de Novembro e reuniu representantes das principais forças políticas, religiosas e da sociedade civil. Entre os participantes destacaram-se o MPLA e a UNITA, partidos historicamente “rivais” que, no passado, se enfrentaram numa das mais longas e sangrentas guerras civis do continente africano.

Dom José Manuel Imbamba

Dom José Manuel Imbamba

A guerra civil e o peso da história

A guerra civil angolana, travada entre o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), teve início em 1975, logo após a independência do país, e prolongou-se até 2002.

O conflito, marcado por confrontos armados intensos, destruição e milhões de vítimas, deixou profundas feridas sociais, económicas e humanas. O cessar-fogo definitivo foi alcançado após a morte de Jonas Savimbi, líder histórico da UNITA, em Fevereiro de 2002, abrindo caminho à paz e à reconstrução nacional. Ainda assim, as marcas da guerra continuam a exigir esforços concretos de reconciliação e perdão.

Grupo de trabalho - Políticos

Grupo de trabalho – Políticos

Políticos destacam importância do diálogo e da justiça

Em representação do MPLA, partido no poder desde 1975, Mário Pinto de Andrade destacou que o congresso foi uma oportunidade para fortalecer a unidade e consolidar a paz.

“Saímos deste encontro com boas expectativas. É tempo de os angolanos darem-se as mãos e caminharem juntos para uma reconciliação verdadeira, sem reservas nem exclusões. A paz só será duradoura se for vivida por todos, em igualdade e fraternidade”, afirmou.

Por sua vez, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, sublinhou que a reconciliação nacional não pode ser apenas simbólica, defendendo a importância da justiça social e do respeito pelos direitos fundamentais.

A verdadeira paz exige justiça, verdade e respeito pelos direitos humanos. É necessário que todos os cidadãos se sintam protegidos, livres e incluídos. Só assim construiremos uma Angola reconciliada e próspera”, afirmou o líder da oposição.

Adalberto da Costa Júnior (da UNITA) em diálogo com Higino Carneiro (do MPLA)

Adalberto da Costa Júnior (da UNITA) em diálogo com Higino Carneiro (do MPLA)

Carta de Compromisso com a Nação ainda em elaboração

Apesar do encerramento dos debates, as contribuições para a Carta de Compromisso com a Nação continuam em fase de elaboração. O documento deverá consolidar os principais pontos de consenso e as propostas apresentadas durante o congresso.

Segundo Dom Zeferino Zeca Martins, Arcebispo do Huambo e presidente da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Integridade da Criação da CEAST, a Carta será apresentada oficialmente nos próximos dias, em conferência de imprensa.

Trata-se de um documento de esperança e compromisso moral, que deverá inspirar as instituições e cada cidadão a viver a reconciliação como uma responsabilidade nacional”, explicou o arcebispo.

Dom Zakarias Kamuenho entre dois políticos do MPLA

Dom Zakarias Kamuenho entre dois políticos do MPLA

O Congresso Nacional da Reconciliação marcou, assim, um momento simbólico e histórico na caminhada do país para o reencontro consigo mesmo, um passo importante na cura das feridas do passado e na construção de um futuro assente no diálogo, na justiça e na fraternidade.


Fonte: Vatican News

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