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COP30, 10 anos da Laudato si’: “respeito pela natureza, a possibilidade da vida” – Vatican News

Josianne Gauthier, de Cooperação Internacional pelo Desenvolvimento e la Solidariedade (CIDSE), e o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), debateram sobre o impacto que o Papa Francisco teve nesta década na agenda climática.

Padre Modino – Belém

Organizado pelo Movimento Laudato si´, o Pavilhão Balanço Ético, na Zona Azul da COP30, em Belém (PA), foi realizado, na manhã da sexta-feira (14/11), o painel: “Espalhando a Esperança: 10 anos do Acordo de Paris e da Encíclica Laudato si´”.

Laudato Si’: um movimento contracorrente

Jean-Pascal van Ypersele, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o órgão das Nações Unidas responsável pela avaliação científica relacionada às mudanças climáticas, Josianne Gauthier, de Cooperação Internacional pelo Desenvolvimento e la Solidariedade (CIDSE), e o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), debateram sobre o impacto que o Papa Francisco teve nesta década na agenda climática.

O Movimento Laudato Si’ é um dos frutos desse caminho nos últimos 10 anos, e a encíclica pode ser considerada “não apenas como um documento, mas como um catalisador”, que foi decisivo no decorrer da COP21, facilitando o processo político para o Acordo de Paris, segundo o coordenador mundial do Movimento Laudato Si’, Yeb Saño. “Um movimento contracorrente, um movimento tremendamente difícil, porque não é um movimento do lucro, do ganho, não é um movimento econômico, mas é um movimento que nos leva a uma fraternidade universal e cuidado da casa comum”, afirmou o cardeal Steiner.

Encontro

Encontro

Laudato Si’: uma encíclica além da comunidade católica

Jean-Pascal van Ypersele refletiu do ponto de vista científico, incidindo na importância decisiva de preservar a camada de ozônio. Para isso, em palavras do cientista climático, “precisamos da chamada neutralidade de carbono. Isso significa não emitir mais CO2 do que a natureza, incluindo as florestas e os oceanos, pode absorver”. Ele insistiu em que “Laudato Si’ vai além da comunidade católica e da comunidade religiosa. Ela influenciou um público muito mais amplo, são centenas de milhões de pessoas no mundo”. Isso porque, a encíclica “proporcionou uma ponte entre a ciência e os valores”, influenciando nas políticas.

Uma encíclica que colocou em palavras coisas que, em nossos corações e em nossa experiência de vida, não tínhamos como expressar, como é a expressão “casa comum”, recordou Josianne Gauthier, fazendo com que “começamos a entender que a crise, a forma como tratamos uns aos outros, era a mesma coisa”, ajudando a ter uma nova visão. Isso criou, reconhece Gauthier, “um movimento de solidariedade, aprendizado e compreensão dentro de nossa fé para ter um papel a desempenhar”. Ela fez um chamado a ser políticos, a ser ativos, a estar unidos.

Encontro

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Laudato Si’ influenciou decisivamente o Acordo de Paris

O cardeal Leonardo Steiner foi um dos delegados da Santa Sé na COP21, em Paris. Ele testemunhou que “era impressionante ouvir como quase todas as delegações mencionavam Laudato Si’. E talvez se tenha alcançado o resultado que se alcançou em Paris devido ao texto da Laudato si’”. Um texto que, segundo o arcebispo de Manaus, “abre um horizonte de discussão, de reflexão exigente”, um texto que faz um grande aporte para a questão da mudança climática.

O fundo da encíclica, afirmou o cardeal Steiner, “é a busca de uma nova relação, do cuidado diante da dominação e da destruição”. Ele insistiu que “essa relação precisa mudar porque o horizonte das mudanças climáticas está dentro do lucro, dentro do dinheiro. Não existe o horizonte de uma compreensão fraterna, como o Papa menciona no início, citando Francisco de Assis. Esse horizonte de compreensão é a fraternidade universal do irmão Sol e irmã Lua”.

Encontro

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A ecologia integral expressão da fé

Frente aos negacionistas climáticos, o cardeal ressalta que “onde existe respeito pela natureza, que propõe a Laudato si, existe a harmonia, existe a possibilidade da vida como um todo”. Ele sublinha a importância da educação para uma ecologia integral, uma questão que aparece em “Querida Amazônia”, onde ao mencionar os quatro sonhos, Papa Francisco aborda uma totalidade das relações, “nada fica fora dos sonhos”. Junto com isso, a Laudato si e “Querida Amazônia” mostram que “a questão da ecologia integral tem que ser expressão da fé, daqueles que seguem o Evangelho”, destacou o cardeal.

“O meio ambiente tem a ver com o desaparecer de povos. O meio ambiente tem a ver com o desaparecimento de culturas, de línguas. O meio ambiente tem a ver com os povos indígenas, os povos originários. O meio ambiente tem a ver com a nossa humanidade”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele mostrou como Papa Francisco ao abordar a questão do meio ambiente, nos faz pensar que existe um todo. Daí ele deduze que “esse todo é que dá razão de nós, como Igreja, como comunidades de fé, não deixarmos de lado a questão ambiental”. De fato, no Evangelho de Marcos, Jesus disse: “Ide e anunciai a toda criatura”, o que mostra que “a redenção tem a ver com todo o universo. Todo o universo está dentro do mistério da cruz e da ressurreição”.

O meio ambiente presente na vida das comunidades

Uma reflexão que leva o cardeal a dizer que “o meio ambiente não pode estar excluído da vida das nossas comunidades”, dado que tudo é obra criada. Nessa perspectiva, somos chamados a ser cuidadores da obra criada, não dominadores, seguindo o texto de Gênesis. Uma nova relação, que considera o todo e não só o lucro, “uma relação de cuidado, uma relação de cultivo, mas especialmente uma relação fraterna”, a exemplo de Francisco de Assis, desafiou o cardeal.

Daí o chamado a, sustentados na teimosia, “levar adiante todo esse horizonte de compreensão que nos foi dado por Papa Francisco, em vista de que a nossa terra não chegue ao seu colapso, não chegue a sua destruição. E que todos possam se sentir em casa, também os outros seres, até os seres que nós chamamos de inanimados possam se sentir em casa”, dado que cada ser é um modo diferente de manifestação de um mesmo amor.

Uma encíclica que nos leva a “continuar firmes nessa luta”, reafirmou o cardeal Steiner. Mesmo diante da pressão que a COP recebe das grandes empresas, que não querem se desfazer do lucro, mesmo diante da pressão sobre as comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais, que sofrem diante do avanço do garimpo, a Laudato si’ aparece como um programa que nos ajuda a seguir avançando no cuidado da casa comum.


Fonte: Vatican News

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