
![]()
Leão XIV envia mensagem aos participantes da 31ª Conferência Industrial da Argentina que está sendo realizada nesta quinta-feira (13/110 em Buenos Aires: o sucesso de uma empresa não se mede apenas pelo lucro, mas também pela capacidade de gerar desenvolvimento e coesão social. O mundo precisa urgentemente de empreendedores a serviço do bem comum.
Alessandro De Carolis – Vatican News
Leão XIII ensinou isso em termos “incrivelmente atuais” com a sua Rerum novarum há mais de 130 anos, e a Igreja continua a reafirmar hoje que “a economia não é um fim em si mesma, mas um aspecto essencial, porém parcial, do tecido social, no qual se desenvolve o projeto de amor que Deus tem para cada ser humano”. E que “o bem comum exige que a produção e o benefício não sejam perseguidos de forma isolada, mas que se orientem para a promoção integral de cada homem e cada mulher”. Leão XIV ecoa o magistério do século passado sobre o trabalho, a justiça que deve guiá-lo e a solidariedade que deve animá-lo na mensagem enviada à 31ª Conferência Industrial da Argentina que está sendo realizada nesta quinta-feira, 13 de novembro, em Buenos Aires.
Leia a íntegra da mensagem do Papa Leão XIV
A economia que gera solidariedade
Além do seu predecessor, cujo nome leva, o Papa Leão remete para o testemunho que Enrique Shaw, industrial argentino nascido em 1921 e falecido em 1962, ofereceu durante a vida. A Igreja inclui-o entre os Veneráveis e, como recorda o Papa, ele “compreendeu que a indústria não era apenas uma engrenagem produtiva, nem um meio para acumular capital, mas uma verdadeira comunidade de pessoas chamadas a crescer juntas” . Portanto, sublinha a mensagem, a rentabilidade para Shaw não era concebida “como um absoluto, mas como um aspecto importante para sustentar uma empresa humana, justa e solidária”. Em seus escritos – em particular …Y dominad la Tierra, publicado poucos meses antes de morrer – “percebe-se claramente – observa Leão XIV – a inspiração da Rerum Novarum, que pedia aos empreendedores que ‘não mantivessem os operários como escravos; [que] respeitassem neles a dignidade da pessoa humana, enobrecida pelo caráter cristão’”.
Desafio constante pela equidade
Se a Rerum novarum, denunciando “as condições injustas de muitos trabalhadores”, insistia no direito a um salário justo e, em geral, a condições de vida que permitissem viver com dignidade — incentivando, ao mesmo tempo, os mais abastados a “evitar cuidadosamente de prejudicar, mesmo que minimamente, o sustento dos menos favorecidos” -, o eco dessas palavras, escreve Leão XIV, ressoa hoje “como um desafio constante”, porque convida “a não medir o sucesso da empresa apenas em termos econômicos, mas também com base em sua capacidade de gerar desenvolvimento humano, coesão social e cuidado com a criação”.
O exemplo de Enrique Shaw
As escolhas que Shaw fez como industrial, inspirado pelos valores do Evangelho – ou seja, oferecer salários justos, iniciar programas de formação, preocupar-se com a saúde dos trabalhadores, acompanhar as suas famílias “nas necessidades mais concretas” – demonstram, afirma o Papa, “que a Doutrina Social não é uma teoria abstrata, nem uma utopia irrealizável, mas um caminho possível que transforma a vida das pessoas e das instituições, colocando Cristo no centro de toda atividade humana”, sem que isso lhe poupasse críticas e perseguições. O exemplo de Shaw, conclui Leão XIV, evidencia como o mundo precisa “urgentemente de empreendedores e gestores que, por amor a Deus e ao próximo, trabalhem em favor de uma economia que esteja a serviço do bem comum”.
Fonte: Vatican News