

Em 1996, ou seja, há quase três décadas, Jeremy Rifkin escrevia seu livro “O fim dos empregos”. Coincidentemente, este foi o ano em que entrei na Universidade Estadual do Ceará como estudante do curso de Administração de Empresas. Naquela época o autor já estimulava um dos debates mais importantes para a economia mundial, que diz respeito à tendência gradual de redução dos empregos no mundo inteiro, o que pode e deve abrir espaço para o empreendedorismo, seja por oportunidade ou por necessidade.
Eu concluí Administração de Empresas e na grade curricular do meu curso na época só havia uma disciplina optativa de Empreendedorismo. Da minha formatura até hoje já se passaram 22 anos e o cenário não mudou muito. Muitas instituições de ensino superior ainda continuam focando em formar mão de obra em todas as áreas de conhecimento, ao invés de preparar futuros empreendedores para serem donos do próprio negócio.

O Sebrae possui um programa denominado JEPP – Jovens Empreendedores Primeiros Passos – que estimula o empreendedorismo junto aos alunos do ensino fundamental. O JEPP capacita professores que, por sua vez, ajudam o aluno a entender que tornar-se empresário é uma possibilidade viável no futuro, mas que é preciso se qualificar para que isto aconteça da melhor maneira possível.
Iniciativas como o JEPP são fundamentais para ampliar o empreendedorismo por oportunidade, sobretudo entre os jovens, que acontece quando o potencial empresário identifica uma oportunidade de mercado e se prepara para aproveitá-la, por meio da estruturação de um plano de negócio que reúne de forma organizada as informações sobre clientes, concorrentes e fornecedores, bem como contempla a análise de viabilidade econômica desse futuro empreendimento.
Investir na educação empreendedora, seja no ensino fundamental, médio ou superior irá formar uma geração de empresários mais qualificados e com menor risco de insucesso em seus negócios. Imagine a quantidade de profissionais da área de saúde que se formam todos os anos e irão abrir suas clínicas, consultórios e laboratórios, mas não tiveram ao longo de sua vida acadêmica nenhuma orientação sobre como montar ou gerir uma empresa. As consequências disso podem ser drásticas, pois não adianta apenas ter a formação técnica em determinado assunto, mas é essencial também preparar-se para ser um empreendedor.
Se o mundo já não tem mais empregos para todos e boa parte dos profissionais com ensino médio ou superior irão abrir o próprio negócio, é necessária e urgente uma política pública que insira nos currículos das escolas e universidades disciplinas que sensibilizem e preparem nossos jovens para empreender. A educação empreendedora pode e deve ser implementada sim, em todos os níveis da educação, do ensino fundamental ao médio e, principalmente, no ensino superior. Que a semente do empreendedorismo seja plantada na mente dos nossos jovens para que tenhamos negócios mais competitivos e prósperos em todos os setores da economia brasileira.
Silvio Moreira – articulador da Unidade de Competitividade do Sebrae/CE
Fonte: SEBRAE


