
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a possível assinatura do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, prevista para dezembro, será uma resposta conjunta dos dois blocos ao avanço do unilateralismo nas relações internacionais.
Durante a abertura da 4ª Cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Santa Marta, na Colômbia, Lula destacou que o tratado representa uma oportunidade histórica para ampliar os laços econômicos e reafirmar o compromisso com o multilateralismo.
“Temos um enorme potencial para aprofundar nossos laços econômicos. O acordo Mercosul-União Europeia prova que é possível fortalecer o multilateralismo também na frente comercial”, afirmou o presidente. Lula disse ainda esperar que o texto seja assinado na cúpula do Mercosul marcada para 20 de dezembro, no Rio de Janeiro.
“Espero que os dois blocos possam finalmente dizer sim a um comércio internacional baseado em regras, como resposta ao unilateralismo”, declarou, em referência às recentes tensões comerciais globais, especialmente as medidas protecionistas e sanções impostas pelos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump.
Após encontro com Lula nesta semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também se disse confiante de que o acordo será concretizado em dezembro. O tratado, que vem sendo negociado há mais de 20 anos, ainda enfrenta resistência de países europeus como França e Polônia, que levantam preocupações ambientais e de competitividade agrícola.
Segundo o presidente brasileiro, a assinatura do pacto criará uma das maiores zonas de livre-comércio do mundo, abrangendo um mercado de 718 milhões de pessoas e um PIB conjunto estimado em 22 trilhões de dólares (cerca de R$ 121 trilhões).
Lula também criticou a falta de integração entre os países latino-americanos e caribenhos. “Voltamos a ser uma região fragmentada e dividida, mais voltada para o exterior do que para si mesma. Muitas vezes, nossas cúpulas se tornam rituais vazios, sem resultados concretos”, afirmou.
O presidente ainda expressou preocupação com a crescente militarização da região e condenou as ações unilaterais dos Estados Unidos no Caribe, onde ataques a embarcações suspeitas de tráfico de drogas já deixaram dezenas de mortos.
“As democracias não combatem o crime violando direitos constitucionais. A segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental. Não há solução mágica para o crime, mas há caminhos sólidos através da cooperação internacional”, defendeu Lula, ao destacar o papel da colaboração policial entre países latino-americanos.
Fonte: Notícias ao Minuto




