
O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um golpe. Talvez o mais prejudicial à compreensão dos efeitos da política sobre a economia desde a redemocratização.
Naquela sessão deprimente em abril de 2016, o Congresso livrou Dilma de assumir, no exercício do cargo, as consequências de sua gestão irresponsável. Afastada a presidente, o PIB afundaria 7% e o desemprego atingiria 12%.
O PT até hoje culpa os governos posteriores, que aprovaram as reformas trabalhista e previdenciária, além de terem preparado o terreno para a tributária e destravado investimentos gigantescos em saneamento.
Prova de que o partido nunca admitiu o fiasco de Dilma é que Lula a indicou para a presidência do banco dos Brics, uma sinecura em Xangai com salário de aproximadamente R$ 260 mil mensais.
A história se repete.
Em seu terceiro ano de um novo mandato, a economia sob Lula deve crescer 2,3% e o desemprego marca 5,6%. Sob Dilma, neste mesmo ponto, o PIB crescia 3% e o desemprego estava em 5,4%. Mas há uma diferença fundamental —para pior.
O principal indicador da saúde financeira de um país é a comparação entre seu endividamento e o tamanho da economia, a chamada relação dívida/PIB. Quanto mais alta, maior a propensão para uma crise de confiança, que leva investidores ao dólar e a uma explosão inflacionária —como vimos acontecer rapidamente com Dilma.
Em cinco anos e meio sob a ex-presidente, a relação dívida/PIB aumentou 14 pontos, atingindo 66,6%. Em quatro anos sob Lula 3, o aumento previsto é de 9 pontos, encerrando 2026 em 82,4% (IFI/Senado). É como se a casa arrumada em uma foto escondesse hoje bem mais sujeira embaixo do tapete.
Falta dinheiro para passaportes e livros didáticos, mas Lula endividará mais o país para se reeleger em um ambiente atual de condescendência dos mercados. Isso não deve durar.
Se ganhar, finalmente veremos o PT assumir o problema, o que será inédito e didático. Se perder, será culpa dos outros.
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