
Após a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidir rejeitar o recurso de Jair Bolsonaro no caso da trama golpista, o irmão do ex-presidente, Renato Bolsonaro (PL), disse que a Justiça quer que ele “morra na cadeia”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por sua vez, afirmou que o seu pai tem sido alvo de perseguição e será eleito novamente presidente da República. O ex-mandatário está inelegível por condenações na Justiça Eleitoral e se encontra na reta final do processo por tentativa de golpe, pelo qual foi condenado a 27 anos e três meses de prisão.
Durante inauguração da sede regional do PL em Atibaia, no interior paulista, Renato disse que decisão da Primeira Turma de rejeitar recurso da defesa no caso da trama golpista nesta tarde era esperada.
“Da Primeira Turma você não podia esperar outra coisa”, disse ao ser indagado sobre a decisão no momento em que havia maioria para a rejeição do recurso —pouco depois a ministra Cármen Lúcia também decidiu no mesmo sentido dos demais colegas do colegiado. “Como tudo desde o começo. Está tudo marcado. Eles querem prender meu irmão. Querem torturá-lo. Eles querem humilhá-lo. E sem dúvida eles querem que morra na cadeia, querem isso mesmo, que morra na cadeia”, declarou.
Ao ser questionado se ele estava se referindo aos ministros, o irmão de Bolsonaro respondeu “a Justiça”.
Renato também reclamou que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, não aceitou discutir questões de saúde de Bolsonaro neste momento. Desde 2018, o ex-presidente fez seis cirurgias no abdômen por causa da facada levada durante a campanha daquele ano, uma sétima para curar refluxo e desvio de septo, além de outros quatro procedimentos para tratar de obstrução intestinal e erisipela.
“Está pouco se lixando com a vida [de Bolsonaro]. Isso aí, não tenha dúvida: num futuro próximo vão ter que pagar por isso”, afirmou, sem detalhar de que forma.
Renato também disse que “da Justiça pode estar esperando o pior possível” ao ser questionado se acreditava que o irmão será mandado para o Complexo Penitenciário da Papuda para cumprir sua pena em regime fechado. Ele foi condenado a mais de 37 anos de prisão pela tentativa de golpe de Estado.
No mesmo evento, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse que o partido conseguirá eleger a maioria dos senadores no próximo ano com o auxílio de outros partidos de direita.
Flávio, por sua vez, participou por chamada de vídeo da inauguração da nova sede regional do PL em Atibaia. Ele chegou a ser anunciado no evento ao longo da semana e estava a caminho da cidade, mas teve de retornar a Brasília por motivos não explicados.
“Podem ter certeza: a gente não vai desistir do nosso Brasil. O presidente Bolsonaro está passando por esse momento de perseguição, mas a gente vai dar uma resposta a cada um que hoje promove essa perseguição implacável desleal e injusta. Porque a gente vai junto subir a rampa em Brasília pela eleição do nosso presidente Bolsonaro”, declarou Flávio após Wassef ligar para ele.
Presente no evento, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse acreditar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa ajudar a reverter a situação de Bolsonaro. “Tenho fé que o Trump vai mudar isso aí”, disse ele.
Valdemar não detalhou como o americano pode ajudar, mas afirmou que o pleito por anistia a Bolsonaro e aos condenados pelo 8 de Janeiro servirá de instrumento de pressão. “Ué, lá para frente. Nós vamos ter que votar anistia ainda. Vamos ter uma guerra muito grande e nós vamos aprovar a anistia”, acrescentou.
Demais réus da trama golpista
Além de Bolsonaro, tiveram recursos negados pela Primeira Turma outros seis réus do chamado núcleo crucial da trama golpista: Almir Garnier Santos (ex-chefe da Marinha), Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin e deputado federal), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI) e Anderson Torres (ex-ministro da Justiça).
Em nota, a defesa de Braga Netto lamentou a rejeição do recurso e afirmou que seguirá apresentando todos os recursos cabíveis, inclusive às cortes internacionais.
“Questões importantes deixaram de ser devidamente analisadas, como a suspeição do Exmo. Relator e o cerceamento de defesa pela falta de tempo suficiente para analisar a imensidão de documentos despejados nos autos pela Polícia Federal”, disse o advogado José Luis Oliveira Lima.
Representante do almirante Almir Garnier Santos, o advogado Demóstenes Torres afirmou que pretende apresentar novo recurso ao Supremo para “rever o julgamento principal”.
As defesas dos demais réus do núcleo crucial não se pronunciaram até a conclusão deste texto.
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