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Governadores de oposição pegam carona em operação no RJ para desgastar Lula na segurança

Após a operação policial no Rio de Janeiro que matou 121 pessoas na semana passada, governadores de oposição ao governo Lula (PT) alavancaram ações da segurança pública em seus estados e reforçaram a tentativa de desgastar a imagem do petista em meio ao embate político que deve se estender pelo ano eleitoral de 2026.

O episódio se tornou objeto de troca de acusações e disputa por visibilidade entre oposicionistas e governistas nos últimos dias.

Na última semana, parlamentares e governadores de direita saíram em defesa do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), com cobranças diretas a Lula e alegações de falta de apoio da esfera federal aos estados. Em seguida, a estratégia do grupo se estendeu à promoção de ações dos governos estaduais, enquanto gestões do PT faziam uma ofensiva no Nordeste.


Dias após a ação que mirou a facção criminosa Comando Vermelho, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pré-candidato ao Planalto em 2026, anunciou que o estado reforçou a segurança na divisa com o Rio de Janeiro, além de ter matado um líder do PCC (Primeiro Comando na Capital) na região.

Conhecido como “Jagunço”, o líder foi morto em operação da Polícia Civil mineira na quinta-feira (30). A ação prendeu ainda outros três homens ligados ao crime no triângulo mineiro. “Minas não vai ser quintal de terrorista”, escreveu Zema nas redes.

Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina, aproveitou para enaltercer as mais de 250 multas aplicadas em uma semana a quem fosse visto fumando maconha em praças públicas do estado, além de divulgar o número de policiais penais contratados durante sua gestão, que chegou a 2.000.

Também defendeu autonomia dos estados em decisões sobre a segurança pública, ideia que vai na contramão do que prevê a PEC (proposta de emenda à Constituição) de iniciativa da pasta comandada pelo ministro Ricardo Lewandowski (Justiça).

“Com todo respeito ao governo federal, não dá para eles dizerem para Santa Catarina como é que a gente tem que atuar aqui”, disse Jorginho em um dos vídeos divulgados. “Deveriam nos apoiar mandando recursos. O dever de casa nós sabemos fazer.”

A proposta, que tramita no Congresso, prevê que caberá à União estabelecer diretrizes a serem seguidas pelos estados e Distrito Federal. O texto tem recebido críticas dos gestores estaduais, que pedem liberdade para que cada unidade de federação administre suas questões.

Outro nome a usar a operação como mote para destacar políticas de segurança pública local foi a vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), candidata a sucessora do atual governador, Ibaneis Rocha (MDB).

Na última terça (4), ela afirmou que o crime organizado não se instalou no Distrito Federal e que governo local faz monitoramento diário para evitar as facções criminosas, especialmente em presídios. A vice chegou a declarar que “não há local do DF” em que a segurança pública da sua gestão não entrasse.

Logo após a operação, a postura do governo Lula foi a de priorizar, em comentários e posicionamentos sobre o tema, o estímulo à aprovação da PEC, com alguns auxiliares do petista evitando o confronto direto com Castro.

No entanto, ao longo dos dias, ministros da Esplanada foram endurecendo o tom e criticando diretamente a gestão fluminense. Por fim, o próprio presidente Lula falou de forma mais firme ao chamar o episódio de matança, em entrevista nesta semana.

Conforme mostrou a coluna Mônica Bergamo, o ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, apresentou na terça a Lula e a outros ministros uma proposta de ações e conceitos que poderiam reposicionar o governo federal no tema, ideia batizada de “Aliança Contra o Crime pela Paz”.

Dois dias após a operação, governadores de direita se reuniram no Rio para demonstrar apoio a Castro. Eles anunciaram a criação de um grupo que chamaram de “Consórcio da Paz”, que reúne chefes dos Executivos estaduais para articular ações de combate ao crime organizado.

Além de Castro, Mello e Zema, participaram os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás. Para além da divulgação das ações, as manifestações em redes sobre o tema foi padrão seguido entre eles.

Levantamento da empresa BN3 para outubro mostrou que a pauta gerou um aumento no engajamento digital de diversos nomes da direita, entre parlamentares e governadores. Castro liderou o ranking entre os gestores estaduais, com um crescimento de 72% em seus seguidores. Já Jorginho e Zema tiveram um aumento de 4% e 1,5%, respectivamente.


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