
A 14ª Assembleia Plenária da Associação Inter-Regional dos Bispos da África Austral (IMBISA), realizada em Matsapha, Reino de Eswatini, coincidiu com o Jubileu de Ouro da associação regional, celebrando cinquenta anos de comunhão, missão e solidariedade entre os países da região. Entre os participantes, esteve Dom Tonito José Francisco Xavier Muananoua, Bispo Auxiliar de Maputo, recentemente nomeado delegado da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) para a IMBISA para os próximos três anos.
Sheila Pires – Manzini, Eswatini
Em entrevista à Vatican News durante o encontro, Dom Muananoua expressou a alegria e o sentido de responsabilidade por esta nova missão:
“É uma experiência nova, a minha primeira plenária, e logo tive esta indicação dos meus irmãos bispos. Levo isto com muita responsabilidade, mas também com humildade, pedindo àqueles que já têm experiência que me acompanhem, para que consiga fazer o trabalho que me é pedido com seriedade e dedicação.”
Sinodalidade: uma conversão do modo de ser Igreja
O encontro da IMBISA, que reuniu bispos de nove países da África Austral, centrou-se na vivência prática da sinodalidade, em sintonia com o caminho da Igreja universal até 2028. Dom Muananoua destacou que as conferências e partilhas em Eswatini o ajudaram a consolidar a sua convicção de que a sinodalidade exige uma profunda conversão interior e pastoral.
“Esta nova realidade e novo modo de ser Igreja exigem de nós uma conversão — do modo de pensar, de sentir e de agir. Ser uma Igreja sinodal é ser uma Igreja família, onde todos têm algo por dar e por fazer. É missão e testemunho, um testemunho de irmandade que nos une como filhos da mesma Igreja”, sublinhou o bispo auxiliar.
Segundo o arcebispo de Maputo, viver a sinodalidade é atualizar constantemente o modo de pensar e agir, para que a Igreja continue a ser “um sinal de compaixão, solidariedade e comunhão fraterna entre os seus membros”.
Esperança e reconciliação para o povo moçambicano
Interpelado sobre a situação em Moçambique — marcada pelo terrorismo no norte, o desemprego e a frustração social — Dom Muananoua deixou uma mensagem de fé e esperança, enraizada no espírito jubilar e no apelo do Papa Francisco à proximidade pastoral.
“Diante da realidade que vivemos, precisamos caminhar com fé e esperança. Deus nunca abandona o seu povo. Devemos ser próximos uns dos outros, na oração e na compaixão. Ser samaritanos juntos, alimentar a esperança em Deus que caminha connosco e orienta o nosso caminho.”
O bispo auxiliar da arquidiocese de Maputo lembrou que o Ano Santo do Jubileu é também um tempo de reconciliação com a própria história:
“Somos um povo de corações feridos, que vive muitos desafios, mas devemos viver a reconciliação como caminho que nos leva à paz e ao bem-estar de todos.”
Uma Igreja que caminha junta
Ao ser escolhido delegado da CEM para a IMBISA, Dom Muananoua reforça o compromisso de Moçambique com o espírito de comunhão regional. O seu papel será o de elo de ligação entre as duas instituições, promovendo o intercâmbio pastoral e a colaboração entre as Igrejas irmãs da África Austral.
“Queremos dar o melhor de nós próprios, colaborar para que a Igreja prossiga nos seus caminhos. Ser Igreja é caminhar juntos — bispos, leigos, jovens, mulheres — todos com o mesmo espírito missionário e fraterno.”
O Jubileu de Ouro da IMBISA foi celebrado como um marco de unidade e renovação. A presença de Dom Muananoua, na sua primeira plenária, simboliza também a nova geração de líderes episcopais que assumem o compromisso de continuar a construir uma Igreja sinodal, missionária e próxima do povo, fiel ao lema do jubileu: ‘Peregrinos da Esperança’.
Fonte: Vatican News
