
Deputados do Rio de Janeiro que integram partidos de esquerda fizeram nesta quarta-feira (29) um pronunciamento na Câmara em que chamaram a Operação Contenção de “chacina” e “massacre”.
Os parlamentares afirmaram que vão adotar ações como representação na PGR (Procuradoria-Geral da República) e ida às favelas alvos da ação policial da gestão de Cláudio Castro (PL). O governador foi o principal alvo dos deputados, que chegou a ser chamado de “assassino em série” por Glauber Braga (PSOL-RJ).
A ação nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, foi a mais letal do país envolvendo policiais, segundo a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. A contagem oficial até a tarde desta quarta era de 119 mortes, sendo 4 policiais.
“O que aconteceu no Rio de Janeiro nós estamos caracterizando como uma chacina continuada. Conhecemos as comunidades de favela, sabemos muito bem que nas favelas do Rio de Janeiro o que nós temos lá são a maioria das pessoas, pessoas trabalhadoras, pessoas que levam a economia da cidade do estado nos ombros”, disse o deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Ele afirmou que a comissão e deputados de esquerda irão fazer nesta quinta-feira (30) uma incursão no Complexo do Alemão e no Instituo Médico Legal.
A deputada Dandara (PT-MG) afirmou que a bancada negra vai entrar com representação na PGR questionando a legalidade da operação. A bancada também pediu a preservação de eventuais imagens de câmera nos uniformes dos policiais.
“Essa atitude desse governador é criminosa. Ele mentiu de começo ao fim. A ação do governo federal, vai ser no sentido oposto a deles. É uma força-tarefa de inteligência, de investigação. Fazer como foi feito na Operação Carbono Oculto, onde foi desbaratado todo o esquema criminoso, foram atingidos pessoas ligadas ao mercado financeiro”, disse o líder da bancada do PT, Lindbergh Farias (RJ).
“O criminoso mais perigoso do estado do Rio de Janeiro está solto, dando entrevista e sentado na cadeira de governador, no Palácio da Guanabara. Assassino em série, frio, calculista, que está fazendo isso para tentar garantir uma cadeira de senador onde ele possa se blindar do conjunto de casos de corrupção envolvendo sua administração”, disse Glauber Braga.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou ver uma negação da vida e da civilidade no apoio à operação policial.
“Essa não é a primeira chacina. Todas elas não deram em nada em termos de melhoria, de programas sociais, nas comunidades atingidas.”
“Há uma lógica de massacre, isso que foi feito no Rio de Janeiro, uma chacina, que tem uma marca de criminalização da pobreza, da favela, da periferia. E cabe dizer ao povo do Rio de Janeiro. Isso não produz ordem, isso produz caos”, disse o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).
Já a bancada bolsonarista na Câmara defendeu a operação e o governador do Rio. “Deveria ter morrido mais bandidos”, afirmou o deputado Delegado Caveira (PL-PA) em discurso no plenário da Câmara.
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