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Em seu corpo mutilado, com o barro escurecido pelo tempo que permaneceu rolando pelo leito das águas do rio, a imagem ainda trazia pequenos sinais da pintura original em púrpura e azul, cores que caracterizam a realeza e a divindade da Santa Mãe de Deus.
Padre Inácio Medeiros – Vatican News
Comecemos pelo Rio Paraíba do Sul (Porque no Nordeste existe também outro rio com este nome, cruzando o estado da Paraíba), que banha o Vale do mesmo nome, desaguando onde hoje existe a cidade de São João da Barra (RJ). Desde muitos séculos a região era habitada por tribos indígenas que viviam em seus arredores. Para eles, assim como para nós que hoje vivemos, as águas do Rio Paraíba do Sul são o símbolo da vida que sempre se renova, como um grande dom de Deus feito a cada um de nós.
A partir da segunda metade do século XVII, o Vale do Paraíba começou a ser ocupado pelo colonizador europeu, através dos portugueses. Em toda a extensão do Rio e do Vale surgirão diversas vilas, que hoje forma cidades, com destaque para a vila de Santo Antônio de Guaratinguetá que se tornará ponto de passagem obrigatório para quem se dirigia à Província das Minas Gerais, sobretudo, depois da descoberta do ouro em suas terras, vindo daí o nome de Minas, das Gerais, por causa da geografia e da vegetação.
Ao longo do rio existiam muitas vilas de pescadores e de famílias que se dedicavam ao cultivo do solo praticando a lavoura de subsistência, cultivando produtos para a sua subsistência.
Uma pesca milagrosa
No mês de outubro de 1717, entre os dias 12 e 17, passou por Guaratinguetá o senhor Pedro de Almeida e Portugal, reconhecido pelo título de Conde de Assumar. Ele estava dirigindo-se a Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto, capital da Província das Gerais, pois havia sido designado para o governo das províncias de Minas e São Paulo. Por onde ele passava as autoridades lhe ofereciam festas e banquetes enriquecidos com os frutos da região, entre estes o peixe que se pescava no Rio Paraíba.
Os pescadores foram chamados a pescar, obrigados sob o medo de castigo para si e suas famílias, pois a época era desfavorável para a pesca. Eles deveriam fornecer o peixe necessário para o banquete do governador. Entre eles estavam Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia que no dia marcado tomaram suas redes, seus barcos, os seus apetrechos e saíram para a pesca, começando pelo porto de José Correia Leite, descendo o rio em direção ao porto de Itaguaçu.
A pescaria estava resultando inútil e infrutífera. Depois de diversas tentativas, por várias horas seguidas nada conseguiram pescar. O desânimo já tomava conta de todos porque se nada pescassem poderiam perder suas coisas e ainda por cima poderiam ser castigados pelas autoridades. Neste instante de aflição aconteceu o sinal da presença amorosa de Deus. João Alves, lançando as redes pescou o corpo mutilado de uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição. Em seu corpo mutilado, com o barro escurecido pelo tempo que permaneceu rolando pelo leito das águas do rio, a imagem ainda trazia pequenos sinais da pintura original em púrpura e azul, cores que caracterizam a realeza e a divindade da Santa Mãe de Deus.
Texto baseado nos livros:
01. Cronologia da Imagem e do Santuário
02. A Senhora da Conceição Aparecida – História da Imagem, da capela e das Romarias
Pe. João J. Brustoloni, CSsR
Fonte: Vatican News