
No limiar das celebrações dos 50 anos da Independência de Angola, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), por meio da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Integridade da Criação, vai realizar, nos dias 6 e 7 de novembro próximo, em Luanda, o Congresso Nacional da Reconciliação, sob o lema: “Eis que faço novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5).
Anastácio Sasembele – Luanda, Angola
O evento, que assinala os 50 anos da independência de Angola, a comemorar-se a 11 de novembro, propõe-se ser um momento de introspecção colectiva, cura histórica e restauração da esperança nacional. A CEAST convida, por isso, todos os cidadãos, instituições e sectores da sociedade angolana a envolverem-se neste exercício profundo de autoavaliação, perdão e compromisso com um novo rumo para a Nação.
Entre os convidados está o presidente da República João Lourenço, a quem os Bispos da CEAST entregaram o convite oficial no passado dia 1 de outubro para participar no Congresso.
A saída do encontro com o Chefe de estado angolano, Dom José Manuel Imbamba, Presidente da Conferência, realçou que o presidente João Lourenço manifestou disponibilidade em participar no evento, facto que deixou a delegação episcopal “satisfeita”, esperando que este seja verdadeiramente o Congresso da reconciliação nacional.
Segundo Dom Imbamba, também Arcebispo de Saurimo, o momento actual exige uma nova visão de país, com foco na cidadania, na justiça social e na responsabilidade colectiva.
“Como Igreja, achamos que é o momento de, enquanto angolanos, termos outra visão, outros ideais, outra maneira de abordar a política, e de ver e encarar a sociedade e o cidadão”, sublinhou.
Para o presidente da CEAST, a reconciliação é uma peça fundamental da construção nacional, destacando que a independência deve significar mais do que liberdade política: deve significar também bem-estar emocional, psicológico, físico, social, cultural e cívico.
O prelado defendeu uma política voltada para a cidadania e não para o partidarismo ou sectarismo, apelando a um “exorcismo nacional” das consciências e da linguagem política.
O Congresso Nacional da Reconciliação não se destina apenas aos fiéis católicos, mas está aberto a todos os cidadãos e forças vivas da Nação. Está prevista a participação de cerca de 500 representantes de diversos sectores da sociedade, incluindo organizações religiosas, sociais, culturais, políticas e juvenis.
Objectivos do Congresso passam em proporcionar um encontro nacional de autoavaliação e de busca de novos rumos para Angola; realizar uma retrospecção histórica dos últimos 50 anos, extraindo lições para o futuro; estabelecer um compromisso nacional com o futuro da Pátria; e produzir a Carta do Cinquentenário, documento que reflectirá as correcções históricas necessárias e apresentará uma nova proposta de vida nacional.
A proposta da CEAST assenta na experiência bíblica do Jubileu, um tempo de reconciliação, perdão, devolução da dignidade e recuperação das relações comunitárias.
O Congresso será composto por eventos sectoriais, denominados “jubileus particulares”, dedicados à reflexão sobre os erros e desafios específicos de cada área da vida nacional (educação, saúde, economia, cultura, política, etc.).
A CEAST acredita que um novo tempo só será possível se cada sector da vida nacional se comprometer com uma nova forma de agir e de pensar.
O Congresso Nacional da Reconciliação surge, assim, como um convite à unidade, ao perdão e à responsabilidade partilhada, celebrando os 50 anos da independência com maturidade, fé e esperança num novo capítulo para Angola.
Fonte: Vatican News


