
Os países de língua portuguesa estavam representados entre os 39 leigos de 19 nações instituídos no ministério do catequista: 2 do Brasil, 2 de Portugal, 2 do Timor Leste e 4 de Moçambique, especificamente da região de Cabo Delgado, que há anos sofre com a violência: “damos catequese com todo sacrifício”, disse Cristovão. E Adérito acrescentou: “que Deus nos continue nos abençoando a continuar evangelizando quem não conhece Cristo, sobretudo na nossa diocese que é grande e tem poucos padres”.
Andressa Collet – Vatican News
Os nossos pais, dentro de casa e ao redor da mesa, recordou o Papa Leão XIV diante de 50 mil pessoas neste domingo (28/09) na Praça São Pedro, são os nossos primeiros catequistas. Mas o caminho “que conduz a Cristo” continua a ser apresentado pelo testemunho de quem continua nos acompanhando na fé: os catequistas, que “plantam no coração a palavra da vida para que ela dê frutos de vida boa”, continuou o Pontífice na homilia da missa pelo Jubileu dos Catequistas que instituiu 39 ministros de 16 países. Entre eles, 10 representantes de países lusófonos provenientes do Brasil, de Portugal, de Moçambique e Timor Leste.
Do Brasil: anunciar a Palavra, mas antes, dar testemunho
Antes da celebração com o rito da instituição do ministério de catequistas, o Papa recebeu o grande grupo dentro da Basílica de São Pedro, “perto da imagem da Pietà de Michelangelo”, confidenciou com o Vatican News, um dos dois brasileiros, o catequista da Amazônia, Victor Paiva da diocese de Castanhal, no Pará, que chegou a dar um presente a Leão XIV: o seu último livro, fruto da dissertação de mestrado, intitulado “Iniciação à Vida Cristã na Amazônia: fundamentos para catecumenatos amazônicos”. Ao entregar, Victor disse que era “uma contribuição para a transmissão da fé na Amazônia. Dentro do livro tinha a carta de um catequizando que sonha em ser catequista, Arthur, um catequizando de Igarapé-Açú/PA. O Papa ouviu atentamente, sorriu e agradeceu”, disse Victor ao acrescentar:
“O ministério a gente não recebe porque merece. De jeito nenhum. O ministério é o dom da graça de Deus. Um dom que é gratuito e é dado justamente para que a gente possa exercer melhor o serviço que já exercemos no coração da Igreja, talvez de uma forma mais bela e mais profunda. O Papa pediu que a gente seja testemunha da Palavra. Anunciadores, sim, mas antes de tudo, testemunhos. E é isso que eu levo no coração. Volto agora para a minha amada diocese de Castanhal, onde realizo a minha missão a esta Igreja à qual me dedico, porque foi justamente para ela que eu fui instituído catequista.”
Assim como lembrou Victor, Leão XIV insistiu: “vocês, catequistas, são aqueles discípulos de Jesus que se tornam suas testemunhas”. Mensagem também recebida por Flavia Carla Nascimento, da diocese de Ponta Grossa/PR, a outra representante brasileira no grupo dos catequistas instituídos pelo Papa: “queria partilhar com todos a alegria que invade o meu coração neste momento, o sentimento é de gratidão a Deus e a todos os catequistas da diocese de Ponta Grossa e do Brasil que fazem essa caminhada comigo”. Flavia conseguiu presentear o Papa em duas oportunidades com bonecos confeccionados artesanalmente em feltro por uma catequista, Angela Cristina Ribeiro: na audiência jubilar de sábado (27/09) deu a representação de Nossa Senhora Aparecida e, no domingo (28/09), o presente em feltro foi um “miniPapa”.
De Portugal: maior responsabilidade, mas com Jesus ao lado
O ministério do catequista, instituído pelo Papa Francisco em 10 de maio de 2021, através do Motu Proprio Antiquum Ministerium, foi acolhido com muita gratidão também pelas duas leigas de Portugal. Rita Alexandra Ortigueira Gonçalves dos Santos, da Paróquia do Algueirão, a maior em número de habitantes do Patriarcado de Lisboa, disse que espera contribuir ainda muito com a Igreja com mais essa graça recebida: “peço a todos que rezem por mim por essa missão tão bonita”. Elisabete Maria Silva Nunes, portuguesa da diocese de Aveiro, também compartilhou a sua emoção por ser instituída ministra da catequese pelo Papa em plena Praça São Pedro:
De Timor Leste e Moçambique, mais 6 ministros instituídos
Do Timor Leste, país do sudeste asiático que também tem a língua portuguesa como oficial, vieram outros dois catequistas para serem instituídos ao ministério: Marçal Evaristo Soares e Adérito Ruben da Costa Freitas da arquidiocese da capital Díli. Já de Moçambique, um grupo de quatro catequistas, devidamente trajados e inspirados pelo Jubileu da Esperança, também foram instituídos ministros da catequese pela Papa Leão XIV. Todos fazem parte da diocese de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, que têm uma gratidão especial pelo bispo local, dom António Juliasse Sandramo, “que tanto se esforçou para a vinda dos catequistas ao Vaticano”, como disse Adérito Benjamin Monteiro, da Paróquia de Nossa Senhora da Consolata. Ele também compartilhou a esperança que carrega no coração diante do que enfrentam os catequistas da sua diocese:
“Nestas situações tão difíceis em que nos encontramos, precisamos de muita fé e oração. Mas também estou muito feliz por estar aqui. Uma graça imensa! E eu me pergunto algumas vezes desde que cheguei aqui: o que eu fiz para merecer essa graça? Mas aí encontro a resposta no canto do Magnificat que Nossa Senhora deu, ‘eis-me aqui’. E que seja feliz até a morte, porque esse ministério é até a morte. Então, que Deus continue nos abençoando para continuarmos evangelizando a quem não conhece Cristo, sobretudo na nossa diocese que é grande, tem poucos padres e o ministério de catequista é muito importante.”
Cristovão Artur Micunda, da Paróquia Maria Auxiliadora, também comentou das dificuldades enfrentadas no dia a dia para carregar a cruz e educar o povo na fé naquela região norte e desafiadora de Moçambique, que há quase 10 anos tem que lidar com episódios de violência cada vez mais crueis e frequentes:
“A cada dia que passa, com todo o sacrifício, estamos fazendo a catequese. Nós, como catequistas, além de dar a catequese, cumprimos as celebrações da Palavra, e também os rituais de exéquias conseguimos fazer.”
Paulo Agostinho Matica, da Paróquia São Bento de Palma, e Francisco Jamal Tarige, da Paróquia de Santa Isabel di Chiúre, mais dois moçambicanos a serem instituídos ministros da catequese pelo Papa Leão XIV, também agradeceram o bispo local, que inclusive tem sempre olhado o esforço dos jovens. Francisco inclusive pediu orações:
Colaboração: Pedro Quintans – Comunicação SNEC
Fonte: Vatican News





