
A Universidade Católica de Moçambique (UCM), que hoje celebra os seus 30 anos de existência, nasceu por iniciativa da Conferência Episcopal e o seu propósito foi e continua a ser o de formar cidadãos competentes, comprometidos com o bem comum e inspirados nos valores do Evangelho, afirma ao Vatican News o Reitor Magnífico, Professor Dr. Padre Filipe Sungo, que também falou do Jubileu do Mundo Educativo como momento ímpar para troca de experiências para educadores e todos os participantes.
Padre Bernardo Suate, Cidade do Vaticano
Sobre a experiência do Jubileu, o Reitor Magnífico da UCM expressou sentimentos de gratidão pois, disse, o Jubileu fez com que educadores, reitores, professores, e todos os participantes se encontrassem para uma troca de contactos, perspetivas e experiências.
Interioridade, unidade, amor e alegria, elementos a replicar na missão de educadores
O Padre Filipe Sungo falou dos 4 elementos mencionados pelo Papa Leão XIV e que devem orientar o educador: interioridade, unidade, amor e alegria. “Durante o Jubileu”, enfatizou o Reitor da UCM, “nós vivemos isso e o Jubileu nos tornou mais fortes e mais unidos, e saímos daqui com o grande compromisso de fazer a réplica de quanto aprendemos aqui”.
O Padre Sungo falou em seguida do seu encontro com o Santo Padre, a quem pediu bênção para a UCM e uma oração para Moçambique, sobretudo Cabo Delgado, “e o Papa garantiu que vai rezar por Moçambique”.
De salientar, que a UCM, tem também sido solidária com os acontecimentos em Cabo Delgado, ressaltou o Padre Sungo, pois decidiu diminuir as taxas de mensalidade aos estudantes da (Universidade) Católica em Pemba, devido aos ataques terroristas na província, “como forma de manifestar a nossa proximidade e solidariedade”, ressaltou.
UCM 30 anos: percurso e contributo da Universidade Católica de Moçambique
Após trinta anos da criação da UCM, o Padre Doutor Padre Sungo fez um balanço positivo quanto ao contributo da instituição para a vida do País. Ao celebrar trinta anos de existência, sublinhou o Magnífico Reitor, a Universidade Católica de Moçambique olha o seu percurso com profunda gratidão e sentido de missão cumprida. A UCM surgiu num contexto de reconstrução nacional, logo após o término da guerra civil. O seu propósito era, e continua a ser, o de formar cidadãos competentes, comprometidos com o bem comum e inspirados pelos valores do Evangelho.
Para Padre Sungo, “nestes trinta anos, a UCM consolidou-se como uma das maiores instituições de ensino superior do país, presente em todas as regiões de Moçambique, com faculdades e centros que oferecem formações diversificadas nas áreas das ciências sociais, da saúde, da economia, da educação, do direito, das engenharias e das ciências agrárias”.
O contributo da UCM vai muito além da formação académica, enfatizou ainda o Reitor, ela tem sido um verdadeiro agente de desenvolvimento humano integral, promovendo investigação, extensão comunitária e diálogo intercultural, sempre com atenção às necessidades concretas das populações – “A nossa missão é servir a pessoa humana em todas as suas dimensões — espiritual, intelectual e social — e, nesse sentido, a UCM tornou-se uma ponte entre fé e cultura, entre ciência e humanismo, ao serviço de Moçambique e de África”, destacou.
Desafios e contexto do ensino superior em Moçambique
Mas também não faltam desafios na instituição católica de ensino superior em Moçambique: Vivemos um tempo de grandes transformações, observa o Padre Sungo, em que o ensino superior moçambicano expandiu-se muito, e isso é um sinal de vitalidade, mas também de exigência. E assim, o primeiro desafio da UCM é manter a qualidade e a identidade, porque “a concorrência não deve ser vista como ameaça, mas como oportunidade para aprofundar o nosso diferencial: uma educação com valores, que une competência técnica a uma sólida formação ética e humanista”.
Outro desafio fundamental para a UCM é o acesso equitativo à educação. Moçambique é um país vasto, com realidades socioeconómicas muito diversas, observa ainda o Reitor, e “a UCM tem procurado chegar onde outros não chegam, abrindo extensões e centros em zonas menos servidas, e recorrendo ao ensino digital como ferramenta de inclusão”.
E Padre Filipe não se esquece dos desafios próprios da contemporaneidade em que vivemos: a transformação tecnológica, a crise ambiental, a mobilidade juvenil, a necessidade de gerar emprego e inovação. Tudo isto, reitera o Reitor, “nos interpela a repensar currículos, a investir na formação contínua de docentes, e a reforçar parcerias nacionais e internacionais”. É por isso, explica o sacerdote, a UCM é hoje membro ativo da Federação Internacional de Universidades Católicas e de redes regionais africanas que permitem trocar experiências e fortalecer a qualidade académica.
Expectativas e visão de futuro
Sobre as perspetivas da UCM, o Reitor Padre Filipe Sungo olha para o futuro com esperança e responsabilidade porque, diz, “a UCM quer ser uma Universidade de referência em África, centrada na pessoa e aberta ao mundo”. E falou do novo Plano Estratégico Institucional que, a curto prazo, estão a consolidar, com foco em três eixos principais: identidade e missão (reforçar a dimensão católica e comunitária da universidade); inovação e transformação digital (garantir que os estudantes e docentes estejam preparados para o mundo tecnológico); e investigação e extensão (tornar o conhecimento gerado pela universidade um verdadeiro motor de desenvolvimento sustentável, para as comunidades locais).
A longo prazo, afirma o Padre Sungo a terminar, “a ambição é continuar a formar líderes éticos, comprometidos com a justiça social e a paz, e a contribuir para um Moçambique mais unido, mais fraterno e mais solidário – queremos que cada estudante da UCM seja um semeador de esperança no seu contexto profissional e comunitário”.
Enfim, “trinta anos depois, podemos afirmar com humildade que a UCM nasceu da fé e da visão da Igreja, cresceu com o povo moçambicano, e hoje projeta-se para o futuro como um sinal vivo de serviço, esperança e inovação”, conclui Padre Sungo.
Fonte: Vatican News

