Carregando música...
Para ouvir nossa rádio, baixe o aplicativo RadiosNet para celulares e tablets com Android ou iPhone/iPads.

Desafios para a evangelização – Vatican News

O Pe. Maicon Malacarne assina artigo para abordar a abertura do Ano Pastoral da diocese de Roma por Leão XIV na semana passada. Na análise, destaque para os três objetivos enaltecidos pelo Pontífice para a evangelização relacionados à iniciação cristã, aos jovens e às famílias, e à formação. Os desafios do Papa, a reflexão do jesuíta Theobald e a experiência de cada um “são peças importantes de um caleidoscópio de vida que deve ser sempre aberto para a escuta e para o discernimento contínuo”.

Pe. Maicon A. Malacarne*

O Papa Leão, ao abrir o Ano Pastoral da diocese de Roma, na Catedral do Latrão, na última sexta, 19 de setembro, destacou três objetivos para a evangelização que penso serem muito lúcidos e oportunos para os nossos dias:

1) Cuidar da relação entre iniciação cristã e evangelização. Sobre esse desafio, o Papa citou a necessidade de uma saudável acolhida aos que buscam os sacramentos: “delicadeza e atenção”. Tal acento deve configurar uma pastoral que está em constante processo de educação da fé e que nunca deixa de ser uma escola de amadurecimento da fé e da vida, nas diferentes etapas e circunstâncias de cada existência.

2) Atenção aos jovens e as famílias. Sobre esse desafio, o Papa Leão sublinhou: “é urgente estabelecer uma pastoral solidária, empática, discreta, sem julgamentos, que saiba acolher a todos e propor percursos mais personalizados possíveis, adequados às diferentes situações de vida dos destinatários”. Não há receitas prontas, nem mesmo um “sempre foi assim” que resistem as perguntas desse momento da história. Percursos personalizados, cada vez mais, será “a casa” da evangelização.

3) Formação em todos os níveis. A fé infantilizada e imatura tem produzido estragos sem precedentes. A evangelização não pode prescindir de ser uma escola de formação permanente. Formar não é transferir conteúdos, se isso fosse suficiente, bastaria apenas multiplicar planos. Formação tem a ver com a vida, com esse mistério que para ser tocado é preciso “tirar as sandálias”. Uma formação que só enumera conteúdos e de textos rígidos não dá conta. É a mistagogia que torna tudo novo: o olhar, a escuta, o toque, o silêncio, a vida que pulsa nos poros do invisível. A formação tem de ser “generativa”, disse o Papa, ou seja, “ser um ventre que inicia para fé e um coração que procura aqueles que a abandonaram”. 

Por falar em pastoral generativa, não há como não mencionar o teólogo jesuíta Christoph Theobald que reflete sobre a Pastoral de Gestação (termo que buscou de Édouard Pousset, SJ). Trata-se da capacidade de dialogar com a “matéria da vida” cujo ponto de partida é reconhecer que na existência de cada pessoa está inscrita a presença de Deus. Evangelizar não é “catequizar” com conteúdos exteriores, mas ajudar despertar e tomar consciência dos sinais da fé que já existem em cada biografia, em cada comunidade, em cada cultura. Nesse sentido, gerar a vida e gerar a fé não estão distantes.

Os três desafios do Papa Leão, a reflexão de Theobald, a experiência de cada pessoa, homens e mulheres de boa vontade, são peças importantes de um caleidoscópio de vida que deve ser sempre aberto para a escuta e para o discernimento continuo. Num tempo com tantas polarizações, assumir esse caminho é um verdadeiro milagre!

* professor de Teologia Moral e pároco da Paróquia São Cristóvão – diocese de Erexim/RS


Fonte: Vatican News

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo