
(FOLHAPRESS) – O empresário Tallis Gomes, 38, afirma ter pedido para o departamento de recursos humanos da G4 Educação vasculhar as redes sociais dos 400 funcionários da empresa.
Se encontrada qualquer postagem comemorando o assassinato do influenciador conservador americano Charlie Kirk, o colaborador deveria ser demitido por justa causa.
“Isso é o artigo 287 do Código Penal. Incitação a crime é passível de processo. Não quero criminoso trabalhando comigo. Felizmente, nenhum foi encontrado”, disse ele.
Com 1,5 milhão de seguidores no Instagram, Gomes se tornou o principal divulgador da campanha “demita extremistas”.
A maioria dos comentários em suas postagens é de apoiadores da proposta de fazer perder o emprego qualquer pessoa que celebrou nas redes sociais a morte de Kirk. Nos Estados Unidos, funcionários de empresas já foram demitidos por usarem linguagem considerada ofensiva ou insensível em relação ao assassinato.
O militante trumpista foi atingido por um tiro no pescoço enquanto participava de debate na Universidade de Utah, nos Estados Unidos, na última quarta-feira (10).
Com histórico de comentários polêmicos, Gomes também enviou a seguidores o endereço de um site de autoria não confirmada em que se pode fazer denúncias de comentários extremistas nas redes sociais. A ideia é enviar as informações para as companhias que empregam essas pessoas e provocar as demissões.
“Eu tenho à minha volta muitos empresários. Sei que houve muitas demissões. Isso é um favor que a gente faz para o Brasil”, afirma ele. “Sou cristão. Vi um pai de família ser assassinado na frente da sua família por cometer o crime de debater ideias”, completa.
A G4 Educação oferece cursos para empreendedores. Tallis Gomes foi um dos fundadores, em 2019. Ele afirma que o faturamento é de R$ 500 milhões e que tem 55 mil empresas como clientes. Desde a criação, teria ajudado a criar 756 mil novos empregos no país.
Gomes diz que o choque pelo assassinato de Kirk foi o estopim para extravasar um sentimento que já tinha ao acompanhar as redes sociais. Exatamente o extremismo que deseja combater. Ele definiu comentários que festejaram a morte do influenciador como “esgoto”.
A preocupação declarada do empresário é ver algo parecido acontecer no Brasil. Um episódio capaz de gerar o mesmo sentimento “de profunda tristeza e revolta” que o dominou com a morte do influenciador americano.
“Eu quero pacificar o Brasil e penalizar as pessoas que estão comemorando a morte de gente inocente. Eu nem sei se a gente pode afirmar que o Brasil é uma democracia, mas as pessoas estão perdendo senso de realidade, do que é aceitável e do que não é. O Brasil está indo para um lugar perigoso. A gente não é inimigo. Inimigo é quem está no sistema atrapalhando a vida de quem produz e trabalha.”
Tallis Gomes afirma que o movimento não é ideológico. Não é defesa de direita ou esquerda, e sim, segundo ele, uma campanha pela razoabilidade e senso comum. Fala como exemplo que, apesar de ser crítico ao trabalho do presidente Lula, seria incapaz de comemorar a sua morte. Da mesma maneira que repudiou, em suas redes sociais, os xingamentos sofridos nesta segunda-feira (15) pela filha do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Mas ele considera perigosos termos direcionados por pessoas de esquerda à direita, como “fascistas ou “nazistas”.
“Eu vejo há muitos anos. Todo mundo que discorda da esquerda é fascista, é nazista. É uma tendência de pegar tudo o que não concorda e isso acaba legitimizando malucos como esse [se referindo ao assassino de Charlie Kirk] e ele acha que está fazendo um bem. Houve banalização de termos gravíssimos”, completa.
No ano passado, Gomes pediu desculpas e passou o cargo de CEO da G4 Educação para Maria Isabel Antonini após criticar mulheres que estão em altos cargos de empresas e dizer “Deus me livre de mulher CEO”.
Dois meses antes, havia afirmado em um podcast que não contrata “esquerdistas” para a G4 Educação. Ele também exaltou jornadas de “70 horas ou 80 horas por semana de trabalho”, e afirmou que trabalho remoto deve ser apenas no fim de semana, ou seja, fora do que deveria ser o horário de trabalho normal.
À Folha o empresário que fundou a Easy Taxi disse na época que soltou as frases por querer, para viralizar e vender mais.
“Eu usei um termo mais polêmico porque sabia que iria chamar atenção. A gente vive uma guerra por atenções, então é positivo para o nosso negócio que haja mais atenção e que isso se transforme em vendas”, afirmou.
Fonte: Notícias ao Minuto