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PT reabre diálogo com big techs após atritos sobre regulação das redes

O novo comando nacional do PT se reuniu nas últimas semanas com representantes das big techs, numa tentativa de estabelecer canais de diálogo com as empresas. O movimento ocorre após atritos causados pela tramitação do PL das Fake News no Congresso Nacional e pela defesa que o partido do presidente Lula (PT) faz da regulação das redes sociais.

O PT chegou a agendar um workshop no primeiro semestre para seus dirigentes com a Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, mas cancelou após críticas de petistas. Com a posse da nova executiva nacional do partido, em agosto, representantes dessas empresas passaram a procurar a nova cúpula da sigla para encontros institucionais, buscando reestabelecer uma relação.

A iniciativa das empresas também acontece num momento em que o governo Lula deve enviar um novo projeto de lei ao Congresso para tratar da regulação das big techs. A discussão tem causado atritos com o governo dos Estados Unidos, já que a gestão Donald Trump se opõe à fiscalização das plataformas e tem ameaçado aplicar “tarifas substanciais” para os países que tentarem esse tipo de medida.

Segundo a Folha apurou, o presidente do PT, Edinho Silva, e o secretário de Comunicações da sigla, Éden Valadares, tiveram encontros com Google, Meta e TikTok. Além disso, há interesses de diálogo com o Kwai. O X não deverá ser procurado neste momento —a empresa pertence ao bilionário Elon Musk, ex-aliado de Trump e apoiador de políticos de extrema direita.

Segundo relatos, os compromissos serviram para retomar esse diálogo e estabelecer um canal de comunicação. Num segundo momento, novos encontros deverão ocorrer, inclusive, para estruturar a possibilidade de realização de oficinas, workshops e seminários dessas plataformas para integrantes do partido.

Um dirigente diz que há um interesse mútuo nessa aproximação e reforça que isso é preciso diante da chegada do ano eleitoral. Outro afirma que esse contato inicial representa um primeiro passo para distensionar o ruído gerado entre o partido e as empresas nos últimos anos.

À reportagem Valadares disse que os encontros foram de “diálogo institucional”.

A aproximação ocorre após episódios de conflito do partido com as grandes empresas de tecnologia. O tensionamento começou com a atuação para aprovar o projeto de lei de combate à disseminação de fake news e regulação das plataformas digitais, na Câmara dos Deputados. A proposta visa, entre outros pontos, responsabilizar as big techs por conteúdos criminosos publicados nas plataformas.

O projeto enfrenta forte oposição das grandes empresas de tecnologia e dos parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que falam em censura da liberdade de expressão. A Câmara tentou votar o projeto durante o governo anterior e no atual, mas não houve votos suficientes e o texto saiu do radar de votações, com acusações da esquerda sobre um lobby das big techs.

Também gerou irritação entre petistas as oficinas e cursos que algumas dessas empresas deram a partidos da direita. Entre elas, a participação das plataformas Meta e Google no seminário nacional de comunicação do PL neste ano. No caso da Meta, a empresa também chegou a agendar um workshop com o PT, mas ele foi cancelado por divergências dentro do próprio partido.

Sobre os recentes encontros, o Google, dono do YouTube, diz que “mantém diálogo constante” com representantes de diferentes setores da sociedade, “incluindo governos, partidos políticos e organizações da sociedade civil”. “Essas conversas fazem parte do nosso compromisso em contribuir de forma transparente e construtiva para o debate sobre tecnologia e inovação no Brasil”, diz, em nota.

A Meta, dona do Instagram, Facebook e WhatsApp, afirma que a empresa interage com “representantes do governo, presidentes de partidos e políticos de todos os espectros”.

Segundo a empresa, nesses encontros, ela busca “compartilhar informações sobre nossos produtos e contribuir com discussões que podem impactar a Meta ou a experiência das pessoas que usam nossas plataformas. Essas interações são parte do nosso trabalho e seguiremos colaborando com esses grupos.”

O TikTok não respondeu. O Kwai diz que não há nenhuma reunião agendada com a cúpula do PT, mas que se “mantém aberta ao diálogo e à disposição para realizar treinamentos sobre as melhores práticas de uso do aplicativo e suas políticas com todos os partidos políticos que demonstrarem interesse”. “A empresa reforça seu compromisso com a isenção e o fomento ao debate democrático no ambiente digital.”


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