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Opinião – Celso Rocha de Barros: Jair Bolsonaro será preso, como Brilhante Ustra deveria ter sido

O STF julgou como Ulysses Guimarães. Agora Jair Bolsonaro será preso, como Brilhante Ustra deveria ter sido.

Por STF, naturalmente, me refiro a Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Votaram de maneira parecida e com técnica impecável, o que não surpreende: a única coisa que não era difícil nesse julgamento era a análise jurídica.

Mesmo se o pior maluco do 8 de Janeiro invadisse o STF no meio do julgamento com Paulo Figueiredo escondido embaixo de uma peruca e tentasse soterrar as provas contra Bolsonaro embaixo de uma montanha de tuítes do Carluxo, com ofensas às regras elementares da inferência, da dedução e da reflexão moral, pedidos de visto para visitar a Disney, citações obviamente erradas de relatórios sobre a democracia no Brasil, nudes do Olavo de Carvalho, mímicas de animal agonizando por não conseguir entender o conceito de organização criminosa, além de uma incurável compulsão por colocar a culpa no mordomo, certamente levaria mais de 12 horas tentando.

Quando Cármen Lúcia deu o voto decisivo, defensores da democracia no mundo todo celebraram a vitória da liberdade brasileira. Como dizia meu pai, foi um daqueles momentos em que deu vontade de ficar de pé e cantar o hino.

A decisão do STF foi importante para mostrar aos inimigos da democracia brasileira que ela tem dentes e sabe se defender.

Mas ainda terá que se defender de muita coisa.

A aliança entre golpistas e ladrões no Congresso vem tentando emplacar uma mutreta para melar o julgamento do STF. A anistia encorajaria Trump a escalar a chantagem contra a economia brasileira, educaria uma geração para a descrença absoluta nas instituições, encomendaria conflitos muito mais violentos para as próximas décadas e fortaleceria os elementos mais radicais na direita, que, a propósito, derrotariam nas próximas eleições os deputados do centrão que aprovassem a anistia.

Uma ideia vagabunda como essa só prospera porque o sistema de Justiça brasileiro cometeu um enorme erro: o braço político do bolsonarismo, fundamental nas articulações golpistas, não foi julgado. Os parlamentares que pediram golpe na reunião de 30 de novembro de 2022 no Congresso ainda estão lá. A bancada do golpe segue forte.

Enquanto isso, Donald Trump segue sabotando a economia e as instituições brasileiras com apoio dessa quinta coluna. No último 7 de setembro, em frente a uma imensa bandeira americana, Tarcísio de Freitas jurou dar continuidade à crise institucional brasileira se for eleito presidente.

Tarcísio precisa radicalizar porque fala para um público que não vai moderar suas posições enquanto tiver alternativas à moderação. Enquanto os golpistas tiverem chance de serem soltos pelo Congresso, enquanto receberem apoio de uma superpotência, seus seguidores vão moderar por quê?

Mas cada dia tem sua luta. A hora é de comemorar.

Aqueles brasileiros pobres que foram votar a pé porque Jair bloqueou as estradas, verdadeiros kids pretos do exército de Ulysses Guimarães, viram a condenação de quem lhes tentou roubar o voto. E quanto às centenas de milhares de brasileiros que perderam seus entes queridos na pandemia, fica o consolo: o golpe só foi desvendado porque a polícia pegou Mauro Cid falsificando cartão de vacina.


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