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Zuppi: dizer basta à guerra é o único caminho – Vatican News

O presidente da Conferência Episcopal Italiana interveio na quarta-feira com uma mensagem em vídeo numa conferência em Genebra, na Suíça, organizada para o centenário de padre Oreste Benzi no âmbito dos trabalhos da 60ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU: “A humanidade deve pôr fim à guerra ou a guerra porá fim à humanidade”

Vatican News

“Dizer basta à guerra é o único caminho para resolver conflitos”: “Não é para sonhadores, mas para realistas”, e é também “o melhor legado para aqueles que virão depois de nós”. Esta é a mensagem transmitida pelo cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), em uma mensagem em vídeo divulgada na quarta-feira, 17 de setembro, em Genebra, na conferência “Basta de Guerras! Construir a paz por meio dos direitos humanos, do desenvolvimento e da solidariedade internacional”, organizada na sede das Nações Unidas na cidade suíça, durante a 60ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que marca o centenário do padre Oreste Benzi, fundador da Comunidade Papa João XXIII.

Tornar a ONU um instrumento adequado

“A abolição de fato da guerra”, segundo o purpurado, é de certa forma inerente à criação das Nações Unidas: “É a tradição mais antiga e nobre da ONU”, disse ele, “que certamente precisa muito de manutenção hoje para ser um instrumento adequado aos tempos”. “O equilíbrio de poder”, continuou o cardeal, “é sempre muito instável e leva necessariamente ao desafio da força”, assim, infelizmente, “como está acontecendo muito mais com o rearmamento do que com o desarmamento”. Zuppi então lembrou “a terceira guerra mundial em pedaços” evocada pelo Papa Francisco para dizer que “cada pedaço deve nos preocupar”. O purpurado então relembrou algumas passagens do discurso de Paulo VI às Nações Unidas em 4 de outubro de 1965, pouco antes da conclusão do Concílio Vaticano II, no qual a ONU foi definida como “o caminho obrigatório da civilização moderna” e no qual o compromisso de “nunca mais ser um contra o outro” foi enfatizado. Concluindo sua mensagem, o cardeal citou as primeiras palavras do Papa Leão XIV sobre a necessidade de uma “paz desarmada e desarmante” e as de John Fitzgerald Kennedy, também evocadas por Paulo VI: “A humanidade deve pôr fim à guerra ou a guerra porá fim à humanidade”.

Compromisso com a dignidade humana

Outro pronunciamento foi proferido pelo observador permanente da Santa Sé junto às instituições da ONU em Genebra, dom Ettore Balestrero, que lembrou que o atual Jubileu se concentra no tema “peregrinos de esperança” e que o padre Benzi “foi uma testemunha poderosa de tudo isso”. “É nossa responsabilidade ajudar a todos, especialmente os mais vulneráveis, olhando para o futuro com o coração cheio de confiança”, afirmou Balestrero. Mas no atual contexto internacional, onde “abundam os conflitos” e marcado pela “predominância da incerteza”, segundo o arcebispo, “o princípio do bem comum” torna-se também “um apelo à solidariedade e à ação preferencial em favor dos pobres”. Balestrero concluiu, então, com as palavras do Papa Leão XIV para enfatizar que a paz não é apenas a ausência de guerra, mas também “um compromisso com o bem-estar e a dignidade humana”.

Organizar a paz

Como dizia o padre Benzi, fundador da Comunidade Papa João XXIII: “Os homens sempre, ao longo dos séculos, organizaram guerras; é hora de começar a organizar a paz”. Durante a conferência, foram ouvidos testemunhos pessoais de voluntários da Operação Pomba (Corpo de Paz Não Violento da Comunidade) sobre a Ucrânia e a ex-Iugoslávia. “Padre Benzi escolheu ficar ao lado dos últimos, mas não foi indiferente; ele lutou para criar uma nova sociedade, uma sociedade de amor”, disse Matteo Fadda, presidente da Comunidade, enfatizando a relevância desta mensagem para “substituir a lógica do conflito pela da cooperação e da não violência”. Nesse sentido, Fadda ressaltou a importância de espalhar “sementes de paz”, para o que é necessário estabelecer Ministérios da Paz nacionais e, em nível internacional, o papel dos relatores de paz na ONU e no Conselho da Europa.

Experiências em teatros de guerra

Outra experiência pessoal da guerra foi relatada por Shyami Puvimanansinghe (Oficial de Direitos Humanos, Seção de Direitos ao Desenvolvimento do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), que, como nativa do Sri Lanka, viveu 27 anos de conflito: “A guerra nunca é a solução”, disse ela. Puvimanansinghe então citou dados — como o número de 19 milhões de crianças fora da escola devido à guerra no Sudão ou um estudo que mostra que o impacto do conflito atrasou o desenvolvimento em Gaza em mais de 20 anos — enfatizando a prioridade de um “novo impulso para o multilateralismo”.

Um multilateralismo ético

“Nossa sobrevivência depende do multilateralismo ético”, afirmou Stefano Zamagni, professor de economia da Universidade de Bolonha e presidente emérito da Pontifícia Academia de Ciências Sociais, em seu discurso. Ele distinguiu entre o multipolarismo atualmente em voga no plano geopolítico, “que se baseia no poder”, e o “multilateralismo, que se baseia em regras”. Devido à lógica do poder, disse ele, “as guerras grassam e a diplomacia está moribunda”. “O multipolarismo sem multilateralismo ético leva à guerra e ao caos”, insistiu. Segundo Zamagni, portanto, é necessária “uma cultura de paz” para implementar iniciativas concretas, como a criação de Ministérios da Paz ou Corpos Civis da Paz.


Fonte: Vatican News

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