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Análise: Julgamento de ex-presidente move peças de Bolsonaros, Lula, Tarcísio e centrão para 2026

Os principais nomes que se movem em direção à disputa presidencial de 2026 atravessaram agosto em intensa atividade política, já calibrando gestos e discursos à luz da —tida como certa— condenação de Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista

O ex-presidente, sua família, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente Lula (PT) e os partidos de centro-direita e de direita corriqueiramente generalizados como “centrão” mostraram algumas de suas cartas —embora as consequências eleitorais da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sejam bem mais incertas do que a esperada sentença.

Quadragésimo segundo presidente do Brasil e principal líder da direita atualmente, Bolsonaro já está inelegível por duas decisões da Justiça Eleitoral. Embora no discurso da família haja esperança de anistia até o ano que vem, essa possibilidade é dada como morta no Congresso, inclusive entre aliados.

Mas o que agosto trouxe de diferente e de esclarecedor sobre a estratégia de cada campo?

Bolsonaro e seus aliados pretendem adiar ao máximo qualquer transferência antecipada do espólio eleitoral para um sucessor.

O objetivo é evitar um deslocamento ao segundo plano e negociar o que for possível como tábua de salvação.

Devido a isso, é constante a artilharia interna contra os nomes que se apresentam ou são apresentados.

A recente revelação da troca de mensagens entre Bolsonaro e o filho Eduardo indicou o nível de desconfiança. “Se o sistema enxergar no Tarcísio uma possibilidade de solução, eles não vão fazer o que estão pressionados a fazer. E pode ter certeza, uma ‘solução Tarcísio’ passa longe de resolver o problema, vai apenas resolver a vida do pessoal da Faria Lima”, escreveu Eduardo ao pai.

Já outro filho, Carlos, disse em suas redes sociais que os governadores de direita agem como ratos e oportunistas.

O governador de São Paulo e o centrão também tiveram um agosto de sinalizações relevantes, às vésperas do julgamento.

Os partidos de centro-direita e direita ampliaram a pressão sobre o ex-presidente para anunciar Tarcísio como seu candidato, e sem o sobrenome Bolsonaro na chapa.

O argumento é que só resta essa saída a ele, apostar em um candidato que lhe prometa fidelidade e que não carregue a sua rejeição —devido à iminência da condenação criminal, a única pessoa que não pode perder a eleição de 2026 é Bolsonaro, dizem em coro os presidentes do PL, Valdemar Costa Neto, e do PP, Ciro Nogueira.

Se os Bolsonaros vão corroborar esse pensamento é outra história.

Tarcísio não se assume ainda como pré-candidato, mas ampliou a agenda política e, depois de algumas declarações mais genéricas em defesa de um perdão ao ex-chefe, firmou publicamente no penúltimo dia de agosto o compromisso mais inequívoco caso vire presidente: “Na hora. Primeiro ato“, disse ao ser questionado se concederia indulto ao padrinho político.

Os sinais de lealdade, mesmo após o fogo amigo da família do ex-presidente, decorrem do fato de que um candidato de direita sem o apoio de Bolsonaro tende a entrar para o já povoado cemitério de “terceiras vias”.

E chegamos a Lula. O petista sempre sofreu derrotas no Congresso aplicadas por seus aliados de centro-direita e direita, o quinteto União Brasil, PP, Republicanos, PSD e MDB.

Em todas essas ocasiões minimizou, dizendo que política é assim mesmo e que entende haver um Congresso ideologicamente oposto a ele.

Na reunião ministerial realizada no dia 26, porém, mudou de postura. Cobrou fidelidade e indicou o caminho da rua a quem não se sentir à vontade em defender o seu governo. Recado a União e PP, partidos que ensaiam há meses um desembarque até agora não concretizado.

Além disso, passou a mirar Tarcísio como o nome que irá confrontá-lo ano que vem.

A subida de tom coincidiu com a chegada do julgamento de Bolsonaro, com a leve recuperação da avaliação popular do seu governo e com a perspectiva, entre aliados, de que ele ganhou discursos para a tentativa de reeleição, entre eles o da defesa da soberania contra as retaliações de Trump.

De acordo com petistas, esse é o momento para delinear quem estará em seu palanque no ano que vem.


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