
Um amplo debate sobre a Nova República, período iniciado em 1985 e que se estende até os dias de hoje, conduz “A Palavra e o Poder – Uma Travessia Crítica por 40 Anos de Democracia Brasileira”, livro produzido por meio de uma parceria da Folha com o grupo editorial Record.
A publicação chega às lojas no final de outubro, mas a pré-venda começa nesta semana. “A Palavra e o Poder” sai pela Civilização Brasileira, um dos selos da Record.
Entre os mais de 150 mil artigos publicados pelo jornal nestas quatro décadas, foram escolhidos 40 que tratam do tema da democracia no seu sentido mais amplo. São textos assinados por nomes dos mais diferentes perfis, mas todos de inegável peso histórico e capacidade de influenciar a sociedade brasileira.
Abdias Nascimento (1914-2011), Alexandre de Moraes, Caetano Veloso, Darcy Ribeiro (1922-1997), Demétrio Magnoli, Delfim Netto (1928-2024), Fernanda Torres, Marina Silva, Oscar Niemeyer (1907-2012) e Sueli Carneiro estão entre os autores desses artigos, todos publicados pela Folha. Essa primeira seleção inclui ainda textos de todos os presidentes desse período da redemocratização.
Dessa lista histórica, há apenas um artigo que escapa desse intervalo que vai de 1985 a 2025. É um texto de Ulysses Guimarães (1916-1992) que, publicado em 1984, entra no livro na condição de hors concours.
“A Palavra e o Poder” não se restringe ao formato tradicional das coletâneas. Definida a seleção inicial, foram encomendadas contribuições inéditas a 40 autores, que reinterpretam os textos anteriores à luz do presente.
A ativista indígena Txai Suruí, por exemplo, comenta um texto do jornalista Fernando Gabeira, publicado em 1985. A empresária Luiza Trajano discute um artigo também de 1985 de Mario Amato (1918-2016), ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A economista Laura Carvalho analisa um texto do jornalista Clóvis Rossi (1943-2019), publicado em 2017.
Como destaca o prefácio do livro, “o objetivo é reinscrever em seu contexto cada artigo, sublinhar a singularidade de sua perspectiva ou apresentar interpretações alternativas e contrapontos críticos, ampliando suas margens de sentido”.
Resultado de mais de dois anos de trabalho, “A Palavra e o Poder” é organizado por Rodrigo Tavares, professor e colunista da Folha, Flavia Lima, secretária-assistente de Redação e editora de Diversidade do jornal, e Naief Haddad, repórter especial da Folha.
“Em um artigo publicado há 25 anos, Otavio Frias Filho, que esteve à frente da Redação da Folha por mais de três décadas, escreveu que ‘o enraizamento do costume democrático nos interstícios da sociedade depende de pressões organizadas e constantes, de mil choques diários e de um aprendizado coletivo que consome não uma, mas várias gerações’”, lembra Sérgio Dávila, diretor de Redação do jornal.
“Este livro se junta a outros esforços nesse ‘aprendizado coletivo’ e demonstra o empenho da Folha e da Record em discutir a democracia brasileira sob os mais diversos ângulos”, complementa Dávila.
“Um dos temas mais debatidos nos últimos anos no cenário político internacional é por qual razão as democracias morrem. Não espanta, uma vez que na década recente tenhamos assistido à ascensão de diversos movimentos de extrema direita bastante corrosivos pipocando mundo afora”, diz Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Record.
“Este não é um livro sobre como morrem, mas sobre como brotam, como criam raízes, como batalham por luz e por água, como combatem suas pragas. Plural como os projetos de democracias, e também os de grandes jornais ou de grandes editoras, incorpora muitos ângulos, vozes dissidentes, nuances variadas, erros e acertos”, afirma Machado.
O primeiro lançamento de “A Palavra e o Poder” acontecerá no dia 22 de outubro, uma quarta-feira, em São Paulo. Em seguida, outras cidades receberão eventos ligados ao livro.
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