
O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), indicou nesta quarta-feira (10) um caminho que lembra o que aconteceu com a Lava Jato e pode ser o destino do julgamento da trama golpista em um futuro não tão distante.
Fux votou a favor do envio do processo da trama golpista à primeira instância e da nulidade de toda a ação penal por considerar que a maior parte dos réus já não tem mais foro especial.
“Concluo assim pela incompetência absoluta do STF nesse processo, uma vez que os denunciados já haviam perdido os seus cargos. Impõe-se a nulidade de todos os atos processuais praticados”, disse.
Avista-se agora com clareza um possível caminho pela nulidade a partir do voto de Fux, sem entrar no mérito sobre as claras iniciativas golpistas de Jair Bolsonaro e de seus aliados mais próximos, e sim nos sinais dos últimos anos de que o Supremo age de acordo com a onda política nacional.
Foi assim quando silenciou e atestou o modus operandi da Lava Jato em seu auge e, de repente, diante das revelações das mensagens da Vaza Jato, passou a anular tudo o que estava relacionado a Deltan Dallagnol e a Sergio Moro.
No ano que vem haverá eleição presidencial. O governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (SP) é o principal nome da direita e aparece competitivo em diferentes pesquisas, mesmo que ainda atrás do presidente Lula (PT), que disputará a reeleição aparentemente como favorito.
O governador de São Paulo já disse não acreditar na Justiça do Supremo e prometeu indultar Bolsonaro caso eleito presidente. Se chegar ao Planalto, Tarcísio indicará em seu mandato (2027-2030) três novos ministros do STF, para as vagas do próprio Fux (2028), de Cármen Lúcia (2029) e de Gilmar Mendes (2030).
Some esses três novos ministros, possivelmente conservadores e alinhados a Tarcísio, aos nomes de Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Bolsonaro, e a Dias Toffoli, que tem mudado de lado a cada vento da política.
Teria-se uma maioria para abraçar o voto de Fux e anular tudo sobre a trama golpista nas possíveis gestões de Kassio (2029-2031) e Mendonça (2031-2033) na presidência do Supremo.
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