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Representatividade e narrativas PCDs crescem na teledramaturgia

Em “Dona de Mim”, atual novela das 19h da TV Globo, dois personagens são pessoas com deficiência, e interpretados por atores PCD. A atriz Haonê Thinar interpreta Pam, batalhadora que é grande amiga da protagonista Leona (Clara Moneke), com quem trabalha na fábrica Boaz. Ela também é mãe solo de um menino, e vive uma relação complicada com Danilo (Felipe Simas). Junto dela, está o ator Pedro Fernandes, interprete de Peter, personagem com paralisia cerebral cuja história não gira em torno da superação, e sim da busca por sua autonomia.

A inclusão de atores PCD na teledramaturgia é celebrada, já que esses personagens costumavam ser interpretados por pessoas sem deficiência. O cineasta e ator Tico Barreto observa que a representatividade de pessoas com deficiência na teledramaturgia brasileira nos últimos anos caminha a passos lentos, porém vista com sentido de urgência e positividade pela comunidade PDC nacional, da qual faz parte.

Notícias ao Minuto [Ator e cineasta Tico Barreto fala sobre como a teledramaturgia vem abrindo espaço para atores PCDs]© Divulgação  

“A presença de personagens PCD transforma, e muito, a percepção do público sobre a deficiência, pois, através da arte, podemos perceber, sentir e experienciar os mistérios que envolvem ser um corpo PCD, e seu dia a dia. A teledramaturgia, assim como o cinema, funciona com um reflexo social, e aquela ficção pode ser a realidade da vida de alguém em alguma parte do mundo. As produções não estão fazendo um favor nos dando emprego, e sim percebendo que temos histórias, somos mão de obras e estamos vivos”, reflete.

Personagens PCDs já foram vividos muitas vezes por atores que não tinham nenhuma deficiência, porém há alguns anos a teledramaturgia tem dado destaque a atores PCDs para mostrarem o seu talento. Em 2009, a atriz deficiente visual Danieli Haloten deu vida a Anita em “Caras e Bocas”, outro caso, de bastante sucesso, foi em “Páginas da Vida”, de 2006, Joana Mocarzel interpretou Clarinha, uma menina com síndrome de Down que comoveu o Brasil por ser rejeitada pela avó quando sua mãe morreu no parto.

“É importante sim escalar atores PCD para interpretar personagens com deficiência, porém, a capacidade de um ator, seja PCD ou não, é gigantesca e transcende até a própria aplicabilidade. Os atores tem o direito de se desafiar e vencer a proposta de interpretar algo diferente do seu dia a dia. Garantir esse lugar de liberdade na arte, onde cada ator faz as suas escolhas, onde os corpos PCDs tem espaço para se reinventar, é não nos tirar o direito do fazer artístico por uma força opressora maior, e nos permitir fazer escolhas. Isso é anticapacitismo”, complementa.

Fundador do MOVA – Movimento Nacional do Audiovisual, Tico criou uma rede coletiva, livre e independente que une trabalhadores da cultura de todo o país em torno de objetivos como acessibilidade, representatividade, inclusão e políticas públicas para o setor. O cineasta, que construiu sua trajetória dentro do audiovisual a partir das margens sociais e simbólicas, une sua vivência pessoal como pessoa neurodivergente e PCD à produção de filmes que abordam temas sensíveis como violência, desigualdade e exclusão. Com mais de duas décadas de atuação, Tico também se destaca pela criação de metodologias colaborativas que envolvem oficinas em periferias e a inclusão de não-atores em seus projetos.

“As novelas e filmes moldam a sociedade, pois nos levam a sentir no corpo, como espectadores, sensações e sentimentos daquilo que estamos vendo na ficção. Essa identificação vem banhada de memorias afetivas, perdões e ressignificações, então as pessoas mudam. As pessoas mudam sim quando se colocam no corpo do outro, nem que seja de uma forma artística essa colocação. As narrativas da teledramaturgia precisam responderem ao seu grande público, e se o povo quer se ver refletido nas telas, com todos os corpos e diversidade, é neste local onde a televisão sabe que pode realizar a ponte”, diz.

Tico, que recentemente recebeu uma medalha de honra ao mérito do Município de São Paulo pelas ações e a luta do MOVA por mais inclusão no cinema, acredita que o que falta na indústria audiovisual para tornar essa inclusão mais naturalizada é “bom senso e igualdade, porque as políticas públicas, as leis, os movimentos pelos direitos, as associações, os trabalhadores da cultura PCDs, neurodivergentes e autistas existem”.

“Hoje, infelizmente, vemos editais de verba pública retirando as cotas lutadas por tantos anos e deixando estes corpos PCDs em abandono social. Todos sabemos que os editais são excludentes, difíceis de leitura, com prazo de cumprimento nos mesmos moldes de tempo para pessoas PCDs e não PCDS. Não existe edital em língua de libras. Pessoas PCD precisam de um tempo maior pra se organizar para cumprir o edital. Não é justo sermos avaliados pelo mesmo tempo que um corpo não PCD. Queremos uma linha de edital, em todos os editais nacionais, municipais e estaduais que seja diretamente focada na causa PCD com todas as suas especificidades, urgências, tempo, letramento e linguagem”, completa o cineasta.

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Folhapress | 09:30 – 04/09/2025


Fonte: Notícias ao Minuto

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