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Lula turbina divulgação de operação contra PCC e tenta impedir saldo político positivo para Tarcísio

O governo Lula (PT) decidiu turbinar a divulgação das ações contra o crime organizado, nesta quinta-feira (28) depois de saber que o secretário de Segurança Pública da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) participaria do anúncio à imprensa sobre a principal operação do dia, em São Paulo.

O episódio envolve um novo capítulo da disputa da Polícia Federal com o Ministério Público de São Paulo e também dá uma amostra de uma possível disputa eleitoral de Lula contra Tarcísio, sendo a segurança pública tema relevante na corrida para 2026.

Ao todo, três operações ocorreram ao mesmo tempo na quinta. A mais importante delas é a Carbono Oculto, uma parceria entre o Gaeco, do Ministério Público de São Paulo, e a Receita Federal, vinculada ao governo federal. As outras duas, Quasar e Tank, foram feitas pela PF.

Duas entrevistas à imprensa para tratar das operações foram marcadas para o mesmo horário: uma em São Paulo e outra em Brasília, às 11h.

Por trás das investigações, os governos Lula e Tarcísio disputam quem irá capitalizar politicamente os resultados da megaoperação.

A informação de que o secretário paulista, Guilherme Derrite (PP), participaria do anúncio na capital paulista incomodou integrantes do governo federal, que falam de uma tentativa do governo Tarcísio de se aproveitar do tema. Ele foi convidado pelo Ministério Público (sob argumento de que a Polícia Militar de São Paulo atuou na ação).

Em São Paulo, além do secretário, participaram representantes dos órgãos envolvidos, incluindo o chefe da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, e promotores responsáveis pelo caso.

Em Brasília, estiveram os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), além do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência, Sidônio Palmeira, acompanhou a entrevista.

Uma pessoa com conhecimento das três operações disse à reportagem que a Carbono Oculto não teria ocorrido sem o Gaeco e sem a Receita —mas que a PF e outros ministérios públicos não tiveram participação nela.

Publicações de Lula e do canal oficial do governo nas redes sociais, no entanto, empacotaram as três ações como uma só, dando créditos principalmente à PF. Nos últimos dias, o diretor-geral da PF iniciou uma batalha contra a ideia de criação de uma agência antimáfia, dizendo que a corporação já faz esse papel.

A Carbono Oculto mirou empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro que têm atuação nesse segmento e são usadas por criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital), com o objetivo de desarticular a infiltração do crime organizado em negócios da economia formal.

Pessoas próximas a Tarcísio reclamam da postura do governo federal, dizendo que há uma tentativa de se aproveitar do trabalho alheio para colher frutos políticos. Aliados do governador argumentam que Derrite participa de quase todos os anúncios de operações do MP-SP, porque a PM é a cumpridora dos mandados judiciais.

Já no governo federal, o discurso é que Derrite não teria razão para estar ali e que teria participado para obter dividendos políticos da operação.

As duas gestões também tentavam capitalizar as ações nas redes sociais. Do lado de São Paulo, deixaram a Receita Federal em segundo plano. Do lado do governo Lula, praticamente ignoraram o Gaeco.

O petista escreveu que a população viu a maior resposta do Estado brasileiro ao crime organizado na história do país e destacou a atuação coordenada da PF, da Receita e dos ministérios públicos estaduais —nesta ordem.

Em seguida, citou o trabalho integrado que foi iniciado com a criação, no Ministério da Justiça, do Núcleo de Combate ao Crime Organizado, que “permitiu acompanhar toda a cadeia e atingir o núcleo financeiro que sustenta essas práticas”.

O perfil oficial do governo brasileiro no X (ex-Twitter) compartilhou publicação para comentar a megaoperação, dando crédito à gestão federal e à PF. “Uma megaoperação do Governo do Brasil e da Polícia Federal atingiu de forma inédita o cérebro financeiro do crime organizado no país”, diz a legenda.

Já Tarcísio divulgou um vídeo destacando o trabalho do Gaeco. “Um grande trabalho de inteligência começou a partir daí, que envolve o Gaeco aqui de São Paulo com as polícias, e esse trabalho se espalhou para o Brasil inteiro. Envolveu o Ministério Público Federal, Receita Federal, Receita Estadual, a Polícia Federal e hoje está sendo deflagrada a maior operação do gênero no setor de combustíveis, que é a operação Carbono Oculto”, disse.

Procurado, via assessoria de imprensa, Derrite afirmou que foi convidado pelo Ministério Público de São Paulo para participar da coletiva. “A operação foi coordenada pelo MP-SP e teve a colaboração da inteligência das forças de segurança do estado de São Paulo durante os últimos oito meses. A coletiva objetiva apresentar dados e números desse trabalho”, diz, em nota.

A Secom da Presidência diz que a coletiva em Brasília não foi convocada em reação à participação de Derrite em São Paulo.

“A entrevista coletiva do governo federal, como de praxe, foi realizada na manhã de hoje para anunciar operações coordenadas deflagradas simultaneamente na data de hoje. O horário da coletiva foi definido a partir da disponibilidade dos ministros. Conforme esclarecido na própria coletiva, realizada em Brasília, havia alvos comuns e fluxos financeiros compartilhados entre as diferentes frentes, o que justificou a execução simultânea das operações. O foco do governo do Brasil é a cooperação federativa e a proteção do cidadão e do consumidor”, diz.

Derrite é considerado um possível candidato ao Governo de SP em 2026 caso Tarcísio decida concorrer à Presidência. Se o governador tentar a reeleição, Derrite deve disputar uma vaga ao Senado no próximo ano, com apoio do bolsonarismo.


Fonte: Folha de S. Paulo

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